Jovem negro denuncia racismo da polícia em ensaio fotográfico

Os artistas Thawan Dias (modelo) e Kauan Almeida (fotógrafo) lançaram um ensaio fotográfico em suas redes sociais para denunciar o racismo da polícia em abordagens feitas contra pessoas da cor de pele negra no Brasil. “É só passar o carro da polícia com a sirene ligada (ou não) que aquele amiguinho, talvez sem refletir sobre seu preconceito, diz para o amigo negro: corre, olha a polícia aí!”, diz o manifesto da dupla. Confira o texto que ambos escreveram, abaixo, e as principais fotos do ensaio.

Por Luís Adorno Do Ondda

“Não é novidade dizer que a instituição policial é racista. Segundo a revista Galileu, mais de 60% dos brasileiros têm medo da Polícia Militar. E mais, o Brasil é um dos países com maior taxa de letalidade policial. Em 2014, 3.009 pessoas foram mortas por policiais no país, um assassinato a cada três horas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Na música “Quem polícia a polícia?”, cantada pelo grupo Frente 3 de fevereiro, em certo momento a artista vocal diz que “quando a polícia brasileira foi criada, sua principal função era reprimir quilombos, escravos… no primeiro presídio, 95% dos presos eram negros”.

O que podemos pensar sobre isto? Existe no Brasil a herança de uma sociedade que se constitui racista (além de homofóbica, meritocrata, machista…). Nossa juventude negra está morrendo. “QUEREMOS VER XS JOVENS NEGRXS VIVXS”.
Este trabalho fotográfico se apresenta como um trabalho que visa denunciar a perseguição policial ao povo negro, ao corpo negro, ao jovem negro, sobretudo da periferia. O trabalho surge no âmbito em que as estatísticas de genocídio negro só têm aumentado. Ele se pretende marginal e espontâneo (não nos preocupamos com o profissionalismo).

Caso: Certa vez fui parado no Rio de Janeiro pela operação “Lapa Presente”, no centro do Rio. Foi a única vez que me aconteceu isso, mas fiquei muito mal. Perguntei-me por quê? Quando respondi a mim mesmo, cai em lágrimas (chorei depois de entregar a minha documentação e ser liberado). Uma resposta possível é, respeitando o trabalho dos senhores policias, a minha “cor suspeita”. Além de no dia estar estereotipado (boné, bermuda, tênis), fui parado por causa da minha cor. É esse o objetivo deste trabalho fotográfico/artístico: mostrar o corpo negro na abordagem policial e as posições (formas) em que esse corpo se coloca quando suspeito.

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Fotos por: Kauan Almeida

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