Karol Conka revela que foi molestada pelo namorado de amiga: “Ela não acreditou”

A cantora conta que aprendeu a usar sua força física e a fazer escândalo para fugir de qualquer tipo de assédio

Por PRISCILLA GEREMIAS E FELIPE CARVALHO da Marie Claire 

 

É unânime entre todas as mulheres que nenhuma está livre de sofrer assédio em algum momento da vida. Karol Conka é um dos grandes símbolos da mulher empoderada no Brasil, mas nem por isso foge à regra. A cantora conta em entrevista exclusiva à Marie Claire que foi abusada pelo namorado de uma amiga enquanto dormia na casa dela.

“Nunca sofri uma violência física, ainda bem, mas já aconteceu do namorado da minha amiga me molestar durante a noite enquanto eu dormia na casa dela. Fui contar para ela, mas ela não acreditou em mim. Preferiu acreditar no que ele disse. Aí a gente aprende a não contar. Ele também era meu amigo e todo mundo se conhecia. Também já passei por outras situações que não são legais, mas tenho uma força e coragem tão grandes que se alguém me fez algo ruim, vai levar com muito argumento e respostas na ponta da língua. Nunca deixei homem algum ultrapassar a linha comigo. Já ergueram a voz para mim e fiz um auê”, conta.

A rapper comenta que incentiva às mulheres a fazerem escândalo se forem vítimas de um assédio sexual ou moral. Ela opina que se um homem passar a mão ou falar algo indevido, a vítima tem de se manifestar.

Chega uma hora que, se você não tem apoio de ninguém, tem de usar sua própria força física. Já tive de usar isso para impedir um assédio. Depois a ruim sou eu. Eles têm medo de de escândalo. Eles têm de pensar que vão se dar mal. A gente não pode recuar. Enquanto tivermos Karol Conka, vamos dar na cara deles”, empodera-se.

Ela que se apresentou no Prêmio Viva na noite desta quinta-feira (22), no Palácio Tangará, em São Paulo, que teve como tema o fim da violência contra a mulher. Ela apoia que este tema tenha de ser debatido a todo momento.

“Uma noite como esta é uma celebração da nossa força. Estamos aqui para servir de exemplo para que essas mulheres se sintam acolhidas e não tenham medo de denunciar. A nossa presença nutri as forças das outras e vemos que não estamos sozinhas.”

Karol Conka (Foto: Alexandre DiPaula)

Ambulante

Recentemente Karol lançou seu aguardado segundo álbum intitulado Ambulante e se diz muito satisfeita e tranquila com o resultado obtivo.

“Não devo mais nada para mim e meus fãs. Nestes 5 anos eu fiquei produzindo outras coisas, deixei o álbum um pouco de lado. Fiz o Ambulante em 4 meses. Se eu tivesse mais tempo, seria em 1 mês e meio. Eu precisava me sentir conectada com minha essência e minha verdade. Não consigo fazer música sem me sentir arrepiada e sem me identificar. Prefiro compor, participar de toda produção, senão não será minha identidade. Meu público percebe. Estou satisfeita”, fala.

Entre as músicas selecionadas para o novo trabalho, ela compôs a canção Dominatrix que fala abertamente sobre uma mulher que domina um homem.

“Um dia o Boss in Dramam chegou em casa e falou que eu era dominatrix. Eu me surpreendi e fiz compus sobre isso. Eu tava ouvindo umas músicas em que o cantor dizia que a mulher precisa se submeter e escrevi o contrário: mostrando a mulher dominando. A gente sempre é dominada e eu mesma não gosto de ser. Prefiro dominar. Existem homens que gostam de ser dominados”, comenta.

Sobre os tabus, Karol diz que detesta: “As pessoas são cheias de regras, transam e não se pode falar de sexo. É algo que todo mundo faz, mas ninguém fala como se não existisse pênis, vagina e mamilos. Qual é o problema de um mamilo aparecer? Acho que não sou desse mundo. Acho que vou voltar para Saturno”, brinca.

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