Luiza Bairros – Nossos Feminismos Revisitados

Certa vez em Salvador Bahia vi na televisão um quadro sobre culinana era um programa matinal dirigido ao publico feminino onde se demonstrava como preparar um prato do qual ja nem lembro. Naquele momento o que prendia minha atenção estava atras da imagem imediatamente visivel na tela de TV.  O cenario era uma cozinha e o personagem principal uma apresentadora que não parava de dar instruções e conselhos em contraposição uma jovem negra participava da cena no mais completo mutismo. Naquele programa o estereotipo que nos associa a boa cozinheira foi redefinido pela redução da mulher negra ao papei de coadjuvante mesmo no limitado espaço imposto pelo racismo. Para mim entretanto tão poderosa quanto o silêncio era nossa outra fala transmitida pela pele negra e realçada pelo penteado de tranças da ajudante uma imagem posta em nossos proprios termos desligada das representações de submissão atribuidas a nos mulheres e homens negros. Se por um lado os produtores de TV acham que não possuimos a autoridade e segurança necessanas para ensinar ate mesmo o que supostamente fazemos melhor por outro e evidente que o racismo ja não pode mais ser praticado sem contestação sem que de algum modo emerjam os contradiscursos que (re)criamos nas duas ultimas decadas Os significados embutidos na cena não param por ai o papel desempenhado pela apresentadora – branca era superior apenas na aparência pois eia estava restrita ao espaço geralmente desvalorizado da atividade domestica. Logo sua ‘autoridade so pôde evidenciar-se quando contraposta ao papel secundaria da ajudante negra .

Numa sociedade racista sexista mareada por profundas desigualdades sociais o que poderia existir de comum entre mulheres de diferentes grupos raciais e classes sociais’? Esta e uma questão recorrente não totalmente resolvida pelos varias feminismos que interpretam a opressão sexista com base num diferenciado espectro teorico politica ideologia° de onde o movimento feminista emergiu.

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Fonte: Journal ufsc

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