A Defensora Pública Lara Graça escreveu um artigo comovente narrando o cotidiano da mãe de um jovem preso que ela acompanha e visita enquanto cuida dos outros dois filhos menores, dividindo as migalhas de pão para alimentá-los, sem abandonar o outro que presta contas à justiça. Justiça? Que justiça é essa que prende e açoita pobres miseráveis que sequer têm o que comer e são cooptados pelos barões do tráfico criados para promover a guerra aos pobres.
Por Siro Darlan Do Jornal do Brasil
A chamada guerra às drogas, tão decantada por hipócritas e fariseus, promove a exclusão social dos pobres, a morte de policiais, a corrupção do sistema penitenciário e punitivo. Essa modalidade de guerra às pessoas, vítimas do vício e da pobreza teve início no auge do governo imperialista de Nixon que decretou guerra implacável ás vítimas das drogas, achando-se, como um Deus, que seria capaz de exterminas as drogas da história da humanidade, não muito distante da doutrina fascista que pregava a pureza racial.
A droga faz parte da história da humanidade e muitos fazemos uso das mais variadas drogas para nosso prazer ou, usando nosso livre arbítrio, para a nossa dor e morte. Países civilizados, que cuidam das pessoas tem desenvolvido práticas eficazes de combate às drogas cuidando dos usuários e oferecendo-lhes o tratamento e acolhimento adequado. Nós temos optado por coloca-los nas masmorras e na exclusão social que sofrem os usuários pobres de crack, cocaína e maconha.
Exterminando a juventude, que tem a vocação de experimentar o que é proibido, ao invés de colocar na mesa do diálogo de toda família, escola, igrejas a prática da redução de danos através do acolhimento e do tratamento adequado. A forma cruel e desumana como nós juízes julgamos e condenamos raivosamente as vítimas de drogas um dia nos fara meditar quando bater em nossa porta a substância que retira de nossos filhos a liberdade de escolha e os lança na vala comum dos usuários que o sistema, burlando a lei, transforma em traficantes.