Malala vai patrocinar três brasileiras que lutam pela educação de meninas

Depois de proferir uma palestra em São Paulo nesta segunda-feira (9), Malala anuncia, nesta terça (10), que as primeiras ativistas do Brasil a integrar a Rede Gulmakai são da Bahia, de Pernambuco e de São Paulo.

Por Ana Carolina Moreno, G1

Malala discursa em evento em São Paulo nesta segunda-feira, 9 de julho (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

A paquistanesa Malala Yousafzai anunciou, nesta terça-feira (10), que três brasileiras passarão a integrar a Rede Gulmakai, uma iniciativa do Fundo Malala que patrocina homens e mulheres que incentivam ou promovem a educação de meninas em vários países. O Fundo Malala já chegou a investir recursos em projetos de ativistas indígenas do México, mas o anúncio feito nesta terça marca a expansão da Rede Gulmakai para a América Latina, começando pelo Brasil. O projeto já contempla outros seis países: Afeganistão, Líbano, Índia, Nigéria, Paquistão e Turquia.

Em 2012, Malala foi vítima de um atentado do Talebã por insistir em ir à escola – uma atividade probida para meninas. Desde então, ela criou uma organização para incentivar a educação de meninas em todo o mundo, e em 2014 se tornou a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz.

Veja quem são as participantes:

Sylvia Siqueira Campos, uma das coordenadoras do Mirim e uma das três brasileiras selecionadas para integrar a Rede Gulmakai do Fundo Malala (Foto: Divulgação/Héllyda Cavalcanti)

  • Sylvia Siqueira Campos (Pernambuco): presidente do Movimento Infanto-juvenil de Reivindicação (Mirim), com sede em Recife. O movimento foi criado em 1990 e tem como objetivo “defender e promover os direitos humanos com foco na infância, adolescência e juventude, a fim de combater as desigualdades, estimular a cidadania ativa e radicalizar a democracia”. Segundo o Fundo Malala, Sylvia participa do movimento desde que tinha 13 anos e, hoje, é a presidente do Mirim.
  • Ana Paula Ferreira de Lima (Bahia): uma das coordenadoras da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí), criada em 1979 para “promover e respeitar a autonomia cultural, política e econômica e o direito à autodeterminação dos povos indígenas”. Ana Paula já foi professora e agora atua para aumentar o número de meninas indígenas que terminam os estudos na Bahia, além de treinas 60 garotas indígenas para se tornarem jovens ativistas.
  • Denise Carreira (São Paulo): é coordenadora adjunta da Ação Educativa, uma organização fundada em 1994 para “promover os direitos educativos e da juventude, tendo em vista a justiça social, a democracia participativa e o desenvolvimento sustentável no Brasil”. Segundo o Fundo Malala, atualmente ela desenvolve um curso online para treinar professores em temas relacionados à igualdade de gênero, além de produzir um relatório sobre a violência e a discriminação de gênero na educação.

Malala participa de palestra em São Paulo (Foto: SM2 Fotografia )

Progresso relativo
Em um comunicado divulgado nesta terça, Farah Mohamed, CEO do Fundo Malala, afirmou que “o Brasil está fazendo progressos para as meninas, mas apenas para algumas meninas”.

“Garantir acesso igualitário à educação requer liderança ousada e ágil. É por isso que temos orgulho de investir nessas três ativistas, cujo trabalho para desafiar os líderes e mudar as normas já está ajudando a criar um futuro melhor para todas as meninas brasileiras”, disse Farah.

Agora, as três brasileiras integrarão a Rede Gulmakai, batizada por uma inspiração antiga: Gulmakai era o pseudônimo que Malala usava quando tinha apenas 11 anos e escrevia um blog em Urdu para a BBC sobre os desafios que as garotas enfrentavam para conseguir estudar no Vale do Swat, sua terra natal no Paquistão, que caiu sob o domínio do Talebã.

Atualmente, a rede financia o trabalho de 22 ativistas em prol da educação de meninas no Afeganistão, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia.

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