Malária em 2002 e ouro na Rio 2016: conheça Eliud Kipchoge, o 1º homem a correr uma maratona em menos de 2h

Nascido em Kapsisiywa, no Quênia, atleta começou a correr por conta própria ainda no ensino médio. Marca histórica de 1h59min40s2 foi conquistada neste sábado em desafio em Viena

No GE

Eliud Kipchoge na chegada da maratona dos Jogos Olímpicos do Rio — Foto: Matthias Hangst/Getty Images

O dia 12 de outubro de 2019 ficará marcado para sempre na história do atletismo. Foi na manhã deste sábado que o queniano Eliud Kipchoge correu um desafio organizado por um patrocinador em Viena, na Áustria, em 1h59min40s2, tornando-se o primeiro homem a completar uma maratona em menos de 2h. Aos 34 anos, Kipchoge tem uma carreira marcada por muitas conquistas numa prova cujos vencedores costumam se alternar constantemente. O queniano também teve de superar um drama aos 18 anos. Foi em 2002 que ele contraiu malária, tendo de se afastar do atletismo por quase um ano.

– Treinei quatro meses e meio para alcançar esse feito aqui em Viena. Coloquei o meu coração na mente para me tornar o primeiro homem a completar uma maratona em menos de 2h. Estou me sentindo bem. Agora espero que sirva de inspiração para que outros atletas também consigam o mesmo feito – disse o queniano após a prova deste sábado.

Nascido em Kapsisiywa, no interior do Quênia, Eliud Kipchoge começou a correr por conta própria quando ainda era estudante do ensino médio. Mesmo sem treinador e qualquer orientação profissional, ele começou a disputar competições distritais e, em 2001, ficou em segundo em um evento nacional, atraindo a atenção do seu manager Jos Hermens.

No ano seguinte, Eliud venceu a seletiva queniana para o Campeonato Mundial de Cross Country de 2002 em Dublin, na Irlanda. Contudo, a alegria pela classificação à primeira grande competição internacional deu lugar a um grave problema de saúde. Um pouco depois da seletiva, Kipchoge descobriu que estava com malária, tendo de se afastar do atletismo pelo restante da temporada.

Ele só retornou às competições em 2003, quando voltou a triunfar em provas de cross country, além de ir ao seu primeiro Mundial de Atletismo, em Paris. Foi na capital francesa que o queniano conquistou o seu primeiro título mundial, ao vencer os 5.000m com o tempo de 12m52s79, superando os favoritos Hicham El Guerrouj, do Marrocos, e Kenenisa Bekele, da Etiópia.

Estabelecido como uma realidade, Kipchoge foi para a sua primeira Olimpíada e ficou com o bronze dos 5.000m em Atenas 2004. Antes dos Jogos de Pequim 2008, ele disputou dois Mundiais, tendo sido quarto lugar em Helsinque, na Finlândia, em 2005, e prata em Osaka, no Japão, em 2007. A prata se repetiria na Olimpíada do ano seguinte. Do ciclo posterior em diante, o queniano passou a dedicar-se à meia-maratona e à maratona, criando as bases para o ouro olímpico no Rio.

Foi há três anos, que Eliud Kipchoge sagrou-se campeão da maratona olímpica do Rio com o tempo de 2h08m44s. Àquela altura, ele já tinha os títulos das tradicionais maratonas de Roterdã, Londres, Chicago e Berlim.

Patrocinado por uma marca esportiva, Kipchoge chegou a ganhar U$ 1 milhão em 2017 em um evento na Itália. Na ocasião, ele lançou o seu tênis personalizado. Desde então, o queniano vinha dedicando-se ao projeto “Breaking2” de tornar-se o primeiro homem a completar uma maratona em menos de 2h. Após o feito, quenianos lotaram as ruas das principais cidades do país para celebrar a marca. Por ter sido em uma prova não-oficial, o 1h59min40s2 não foi homologado pela IAAF como novo recorde mundial.

+ sobre o tema

Sete curiosidades sobre o novo prefeito de Nova York

  Bill de Blasio é filho de simpatizantes...

Ava DuVernay, diretora de ‘Selma’, vai fazer filme sobre o furacão Katrina

Ava DuVernay, diretora de "Selma", cinebiografia de Martin Luther...

“É hora de deixar Mandela partir”, diz Sunday

Destaque de jornal britânico resume sensação da comunidade internacional...

Rio Negro, 50: Nei Lopes mostra o Rio dos anos 50 pelo olhar dos negros

Novo romance de escritor e sambista é contado por...

para lembrar

Rua em bairro valorizado de Porto Alegre vai virar quilombo

Governo federal desapropriará terreno e beneficiará 67 famílias ...

Indivisível retrata a história da cultura negra no bairro da Liberdade

Indivisível mostra como a cultura negra e oriental coexistem no...

Espetáculo aborda negritude e universo feminino em obra coletiva

O espetáculo cênico-musical "NEGR.A" traz o resultado do trabalho...

Dona Jacira: “Pelo preconceito que sofri, cresceu uma fera dentro de mim”

Em Café, livro recém-publicado, a artista de 54 anos...
spot_imgspot_img

Grammy: Milton Nascimento explica por que não teve cadeira na cerimônia

O equipe do cantor Milton Nascimento, 82, explicou nesta segunda-feira (3) quais foram os motivos que a Academia da Gravação alegou para negar a ele um...

Doechii se torna a 3ª mulher a vencer Grammy por Álbum de Rap

Doechii fez história na 67ª edição do Grammy. A cantora, que também concorre em Artista Revelação, venceu a disputa de Melhor Álbum de Rap...

Espetáculo sobre primeira doutora negra em filosofia do Brasil estreará no CCBB

A peça "Mãe Preta" estreará no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo nesta quinta-feira (6). Dirigida por Lucelia Sergio, a montagem homenageia Helena Theodoro, primeira...
-+=