Marcha das mulheres: milhares vão às ruas nos EUA para defender o direito ao aborto

Enviado por / FonteRFI

A batalha pelo direito ao aborto chegou neste sábado (2) às ruas dos Estados Unidos, onde centenas de milhares de pessoas começaram a se reunir em diferentes cidades para uma nova edição da "Marcha das Mulheres". O evento foi convocado para frear os conservadores que tentam proibir a interrupção da gravidez no país.

A entrada em vigor em 1º de setembro no Texas de uma lei no que restringe o aborto provocou uma guerra judicial. A medida suscitou poucos protestos, mas neste sábado, a dois dias do reinício das audiências na Suprema Corte de Justiça, que arbitrará a disputa, quase 200 organizações convocaram os defensores do direito ao aborto para manifestações em todo o país.

O principal protesto acontece em Washington D.C, onde milhares de pessoas se reuniram para uma passeata até o principal tribunal do país, que há quase 50 anos reconheceu o direito ao aborto na sentença do caso Roe vs Wade.

A Suprema Corte, que teve a composição drasticamente alterada pelas nomeações de juízes conservadores pelo ex-presidente Donald Trump, parece pronta agora para alterar a norma. O tribunal se negou a intervir em caráter de urgência para bloquear a lei do Texas e poderia aproveitar a revisão de uma restritiva do estado do Mississippi para mudar sua jurisprudência.

“As mulheres deveriam poder decidir o que fazer com seus corpos, ponto”, disse Laura Bushwitz, de 66 anos, professora aposentada que compareceu ao protesto em Washington. “Estou cansada que me digam o que posso ou não posso fazer (…) Ouviu, Suprema Corte?”, completou.

Os organizadores dos protestos, previstos em 600 cidades, são uma aliança que reúne desde pequenos grupos feministas até grandes organizações como a Planned Parenthood, que promove o planejamento familiar. Eles esperam mobilizar 240.000 pessoas em todo o país.

“Lutamos para que o aborto não apenas seja legal, mas também acessível e sem estigmas”, afirma um comunicado divulgado pela organização dos protestos. As ativistas desejam que o Congresso estabeleça o direito ao aborto na lei federal com o objetivo de protegê-lo de uma possível reversão na Suprema Corte.

Um projeto de lei neste sentido foi aprovado na semana passada na Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, mas não tem chance de triunfar no Senado, onde os republicanos podem bloquear o texto.

“Desejo perverso e patriarcal”

Uma primeira “Marcha das Mulheres” aconteceu em 2017, pouco depois da posse do presidente Trump, e reuniu milhões de opositores do republicano, que o chamaram de sexista. Passeatas posteriores tiveram menos participantes, em parte porque uma de suas promotoras foi acusada de antissemitismo.

“Este ano estamos unidos”, promete o comunicado divulgado pela organização. “Voltamos às ruas pela primeira vez na era Biden porque com a mudança no Salão Oval (da Casa Branca) não acabou o desejo politizado, perverso e patriarcal de controlar nossos corpos”, acrescenta a nota, em referência à vitória de Joe Biden em 2020, que não mudou a dinâmica nos estados.

Pelo contrário, estimulados pela entrada na Suprema Corte de três magistrados designados por Trump, legisladores conservadores locais iniciaram uma verdadeira ofensiva contra o direito ao aborto: desde 1º de janeiro, 19 estados aprovaram 63 leis restritivas.

Se a Suprema Corte anular a sentença do caso Roe vs Wade, todos os estados ficariam livres para proibir ou permitir os abortos. Desta maneira, 36 milhões de mulheres em 26 estados, ou quase metade das mulheres americanas em idade reprodutiva, provavelmente perderiam o direito a abortar, segundo um relatório divulgado pela Planned Parenthood.

(Com informações da AFP)

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