Marian Anderson

Foto de Marian Anderson, de autoria de Carl Van Vechten (1940)

– A vida de Marian Anderson – Inglês – 20 minutos –

 

Marian Anderson nasceu em Filadélfia, Pennsylvania, em 27 de fevereiro de 1897 e faleceu em 8 de abril de 1993 em Portland, Oregon. Contralto, foi uma das mais festejadas cantoras do século vinte. Possuía voz extensa, vibrante, com qualidades intrínsicas de beleza. A maior parte de sua carreira como cantora consistiu de apresentações em concertos e recitais, por ocasião de grandes eventos musicais, e com importantes orquestras, nos Estados Unidos e na Europa, entre 1925-1965. Embora lhe oferecessem contratos para cantar em muitas e importantes companhias de ópera européias, declinou de todos eles, preferindo apresentar-se unicamente em concertos e recitais, o que não a impedia de cantar árias de ópera, nessas ocasiões. Gravou muitos discos, que refletiam seu amplo repertório, o qual abrangia música de concerto, lieder, ópera, canções e spirituals americanos tradicionais.

 

Em 1930 Marian Anderson fez sua estréia européia em um concerto no Wigmore Hall, em Londres, onde foi acolhida entusiasticamente. Passou o início da década apresentando-se em toda a Europa, onde não se deparou com os preconceitos raciais que havia enfrentado nos Estados Unidos.

 

Em 1934 o empresário Sol Hurok ofereceu-lhe um contrato melhor do que ela tinha, até então, com Arthur Judson. Tornou-se seu empresário durante o resto de sua carreira artística e foi unicamente através de sua persuasão que ela voltou a se apresentare nos Estados Unidos. Em 1935 deu seu primeiro recital em Nova York,no Town Hall, que recebeu comentários altamente elogiosos por parte dos críticos de música. Passou os próximos quatro anos excursionando por todos os Estados Unidos e Europa. Em breve tornou-se a preferida de muitos regentes e compositores das principais orquestras européias, e conquistou grande número de fãs entre as platéias do continente europeu. Durante uma apresentação em 1935, em Salzburg, o famoso maestro Arturo Toscanini disse-lhe que ela possuía uma voz “como somente se ouve em mil anos”.

 

Em 7 de janeiro de 1995, Marian Anderson tornou-se a primeira afro-americana a apresentar-se com a Metropolitan Opera em Nova York. Nessa ocasião cantou o papel de Ulrica, em Un Ballo in maschera, de Giuseppe Verdi, mediante convite do diretor Rudolf Bing. Embora jamais voltasse a participar de encenações naquele teatro, foi nomeada membro permanente da companhia da Metropolitan Opera. No ano seguinte publicou sua autobiografia, My Lord, What a Morning, que se tornou um sucesso editorial.

 

Cantou na posse do presidente Dwigt D. Eisenhower, em 1957, e excursionou pela Índia e pelo Extremo Oriente como embaixadora de boa vontade, através do Departamento de Estado americano e do Teatro e Academia Nacional Americano. Depois disso o presidente Eisenhower nomeou-a delegada ao Comitê dos Direitos Humanos, das Nações Unidas. Em 1958 foi designada oficialmente delegada às Nações Unidas, formalização de seu papel como embaixadora de boa vontade, que havia desempenhado anteriormente.

 

Em 1961 Marian Anderson cantou na posse do presidente John F. Kennedy e, no ano seguinte, apresentou-se para o presidente Kennedy e outros dignitários no Salão Leste da Casa Branca, tendo também excursionado pela Austrália. Apoiou ativamente o movimento pelos direitos civis durante a década de 1960, dando concertos beneficientes em prol do Congresso de Igualdade Racial, Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor e da Fundação Cultural Estados-Unidos-Israel. Em 1963 cantou na Marcha sobre Washington por Empregos e Liberdade e foi uma das 31 personalidades agraciadas com a Medalha Presidencial da Liberdade, concedida por motivo de “contribuições especialmente meritórias à segurança ou interesse nacional dos Estados Unidos, à paz mundial, à cultura ou a outros esforços significativos, públicos ou particulares”.

Naquele mesmo ano realizou sua excursão de despedida, após o que deixou de apresentar-se em público. A excursão internacional começou no Constitution Hall, em outubro de 1964, e terminou no Carnegie Hall, em 18 de abril de 1965.

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Anderson apresentando-se no Lincoln Memorial, 1939

No final dos anos trinta, Marion Anderson deu cerca de 70 recitais anuais, nos Estados Unidos. Embora, àquela altura, já fosse bastante famosa, isso não foi suficiente para terminar completamente com o preconceito que ela enfrentara, em sua excursão pelo país, quando ainda era uma jovem cantora. Ainda não era aceita em certos hotéis e não lhe foi permitido comer em certos restaurantes. Em 1939, as Filhas da Revolução Americana (Daughters of the American Revolution – DAR) recusaram permissão para Marion Anderson cantar para uma platéia integrada, no Constitution Hall. Naquela época, Washington D.C. era uma cidade segregada e quando artistas negros se apresentavam no palco do Constitution Hall, os espectadores negros se sentiam constrangidos, pois tinham de sentar-se nas poltronas dos fundos. O DAR jamais foi uma organização política e para evitar esse tipo de conflito, declinava programar artistas negros. Após aquele incidente, Marion Anderson apresentou-se seis vezes no Constitution Hall, de propriedade do DAR e foi ali que iniciou sua excursão de despedida. Há muitos anos perdoou o DAR, dizendo: “Perde-se muito tempo em odiar as pessoas.” O Departamento de Educação do Distrito de Columbia negou uma solicitação para o uso do auditório de um colégio público branco. Como resultado do furor subsequente, milhares de membros do DAR, incluindo a primeira dama, Eleanor Roosevelt, pediram demissão.

 

Os Roosevelts, com Walter White, secretário executivo da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor, e o empresário de Marion Anderson, Sol Hurok, convenceram então o Secretário do Interior, Harold L. Ickes, a organizar um concerto para Marion Anderson ao ar livre, nos degraus do Lincoln Memorial. O concerto realizou-se no domingo da Páscoa, dia 9 de abril, o evento atraiu uma multidão de mais de 75.000 pessoas de todas as cores e foi uma sensação, sendo ouvido nacionalmente por milhões de rádio-ouvintes.

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Marian Anderson batiza o navio Booker T. Washington, 1942

Embora Marian Anderson tenha parado de cantar em 1965, continuou a fazer aparições em público. Em várias ocasiões foi a narradora de Lincoln Portrait, de Aaron Copland, incluindo uma apresentação com a Orquestra de Filadélfia em 1976, regida pelo compositor. Seus feitos foram reconhecidos e lhe angariaram muitos prêmios, incluindo o Prêmio da Paz, concedido pelas Nações Unidas em 1972. Em 1980 o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos cunhou uma medalha comemorativa de ouro, com sua efígie.

 

A vida e a arte de Marian Anderson inspiraram muitos escritores e artistas. Em 1999 um espetáculo musical de um ato, intitulado My Lord, What a Morning: The Marian Anderson Story foi encenado no Kennedy Center. Em 2001, um filme documentário de 1939, Marian Anderson: the Lincoln Memorial Concert, foi selecionado para ser preservado no National Film Registry, dos Estados Unidos, mediante indicação da Biblioteca do Congresso, por ser “cultural, historica ou esteticamente significativo”. O concerto de Marian Anderson no Lincoln Memorial, em 1939, é o núcleo do romance de Richard Powers, The Time of Our Singing (2003).

 

Em 2002 o acadêmico Molefi Kete Asante incluiu Marian Anderson em sua lista dos 100 Maiores Afro-Americanos (100 Greatest African Americans). Em 27 de janeiro de 2005 foi emitido um selo comemorativo pelos Correios dos Estados Unidos, em honra a Marian Anderson, como parte da série Herança Negra.


Prêmio Marian Anderson


O prêmio foi criado em 1944 pela cantora, após ela receber o Prêmio Bok, no valor de dez mil dólares, concedido pela cidade de Filadélfia. Marian Anderson usou a importância para criar um concurso de canto, a fim de apoiar jovens cantores. Com o passar do tempo o dinheiro acabou, mas, em 1990, o prêmio foi restabelecido. Foi reestruturado em 1998 e o “Prêmio Marion Anderson” vem sendo concedido a um artista reconhecido, não necessariamente um cantor ou cantora, que exerça liderança numa área humanitária. Um prêmio separado, “Prêmio Marian Anderson para Artistas Clássicos Emergentes”, é concedido a jovens cantores clássicos promissores.

 

Lista dos premiados, por ano

  • 1998 – Harry Belafonte

  • 1999 – Gregory Peck

  • 2000 – Elizabeth Taylor

  • 2001 – Quincy Jones

  • 2002 – Danny Glover

  • 2003 – Oprah Winfrey

  • 2005 – Ruby Dee e Ossie Davis

  • 2006 – Sidney Poitier

  • 2007 – Richard Gere

  • 2008 – Maya Angelou e Norman Lear

 

Galeria

(clique nas imagens)

 

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Descrição das imagens

7 – A cantora de ópera Marian Anderson diante de uma foto do concerto gratuito, realizado em 1939 no Lincoln Memorial, depois que a DAR (Daughters of American Revolution – Filhas da Revolução Americana) a barrou em seu recinto pelo fato de ela ser negra. Foto de c. 1960

8 – Richard Avedon (fotógrafo). Marian Anderson

10 – Betsy Graves Reyneau. Retrato de Marian Anderson. 1955. Óleo s/tela. National Portrait Gallery, Washington

 

Escultura

11 – Meredith Bergmann. Estátua de Marian Anderson. 2006. Bronze. Converse College, Spartenberg, Carolina do Sul, Estados Unidos

 

Discos

Livros

Filatelia

 


Ligações externas

 

Marian Anderson Historical Society cuida do Marian Anderson Museum and Birthplace em Filadélfia

 

 

PARA SABER MAIS

 

Biografia, formação artística, carreira, repertório, prêmios recebidos, discografia, filmografia, bibliografia sobre a cantora

 

Capturado de “http://en.wikipedia.org/wiki/Marian_Anderson

 

Categories: African American singers | American female singers | American opera singers | Congressional Gold Medal recipients | Operatic contraltos | George Peabody Medal winners | Grammy Lifetime Achievement Award winners | | Presidential Medal of Freedom recipients | Kennedy Center honorees |

 


Texto (excertos): Capturado de Wikipedia, the free encyclopedia

Imagens: Capturadas de Google Images

Tradução, pesquisa e seleção de imagens: Carlos Eugênio Marcondes de Moura

 

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