Mart’nália:Cantora carioca lança CD e DVD gravados em Luanda, na África

Samba africano: Mart’nália segue os passos do pai Martinho da Vila

A cantora Mart’nália, 44 anos, começou a carreira devagar, devagarinho. Filha do sambista Martinho da Vila e da cantora Anália Mendonça, de quemherdouotalento emetade de cada um dos nomes, estreou nos palcos aos 16 anos fazendo backing vocal nos shows do pai. Com 22, lançou o primeiro CD e, aos 38, gravou com Zélia Duncan, Djavan e Caetano Veloso para o álbum Mart’nália Ao Vivo.

Mas o sucesso só veio em 2007, depois dos 40, quando a música Cabide foi parar na trilha sonora da novela Paraíso Tropical, da Rede Globo.Composta por Ana Carolina, a canção foi lançada originalmente no CD Menino do Rio (2006), que teve direção de Maria Bethânia.

“Tudo aconteceu aos pouquinhos, pouquinhos e ‘pá’. Eu nunca soube o que queria fazer e nem pensava em ser cantora, mas fui parar nos shows do meu pai. Até que teve uma hora em que ele me chamou na chincha e não teve jeito. Aí virei cantora e, de novo, de pouquinho em pouquinho, fui ganhando espaço”, explica a cantora que, na marcha gradativa da sua ascensão, chegou ao continente negro para gravar o CD+DVD Mart’nália Em África Ao Vivo (Biscoito Fino).

GRAVAÇÕES

Mart’nália já chegou na África com a festa começando, no final de 2008. Um dia antes de desembarcar em Maputo, capital de Moçambique, Barack Obama fora eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. “O povo estava todo doido. Foi uma festa muito grande, todo mundo muito orgulhoso”, narra. Depois, seguiu para Luanda, em Angola, onde gravou o show para o DVD.

Pelo caminho, fez amizades que estão registradas no DVD, como Manoel Rui e Mia Couto, figuras históricas que fazem uma associação entre África e Brasil através da religião e da cultura, além dos artistas locais Wyza e Yuri da Cunha. Este último faz dueto com Mart’nália em um pot-pourri que inseriu dois temas africanos, muxima e muadiakime.

Com direção de João Vainer, o show tem repertório baseado no último CD de Mart’nália, Madrugada (2008), além de incluir músicas de outros trabalhos com o Tom Maior, de Martinho da Vila, e Zumbi, de Jorge Ben Jor. O DVD inclui também uma Roda de Semba, gravada no quintal de casa, no Rio, com participações especiais de Carlinhos Brown, Gilberto Gil, Mayra Andrade (cantora cubana radicada em Paris), o pai e as irmãs Analimar e Maíra Freitas.

Há ainda um documentário, também com direção de João Vainer, no qual Mart’nália fala sobre sua relação com a África, intercalada por depoimentos de Chico Buarque, Regina Casé e Gilberto Gil, e por imagens do dia a dia da população: as feiras, um batismo nas praias de Maputo, casamento e um jogo de futebol.

CONEXÃO

Caminho que Mart’nália conhece bem. A África sempre esteve no seu destino. Desde a juventude, ela já acompanhava o pai aos shows que ele fazia em Angola. Martinho da Vila foi um dos principais responsáveis pela aproximação cultural entre os dois países, a partir da década de 80.

“Na primeira vez, eu nem queria ir, sei lá por quê. Não queria. Mas não teve jeito, meu pai me fez ir. Às vezes eu dava trabalho a ele. Não parava quieta nem no palco. Uma vez, tocamos até durante a guerra. Foi uma loucura, porque tínhamos que parecer à vontade, com se nada tivesse acontecendo”, lembra.

SAMBA-ENREDO

Mart’nália e Martinho sempre estiveram lado a lado em muitas aventuras. Napróxima, farão parceria no segundo volume do projeto educativo Aula de Samba – A História do Brasil Através do Samba, idealizado pelo irmão Martinho Filho e com produção musical dela.

Trata-se de um disco com sambas que foram pra avenida e relatam momentos importantes da história do Brasil. O primeiro, lançado e distribuído em 2008 pela gravadora Biscoito Fino, teve participação de grandes nomes da MPB como Chico Buarque, Simone, Lenine, Fernanda Abreu, D. Ivone Lara, Lecy Brandão, Paulinho Moska, Maria Rita e Alcione.

A ideia surgiu justamente porque foi através desses sambas- enredo que Mart’nália conseguiu passar pela escola. Era assim que estudava, na malandragem, segundo ela. “Esses sambas-enredom e salvaram muitas vezes. Era assim que eu estudava. Na época, eu e minha irmã estudávamos a mesma série, mas cada uma em um horário. Mas, quando fazíamos as provas, as respostas eram iguais e as professoras achavam que a gente colava, semnem saber como”, conta, divertida.

Fonte: Correio

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