O ano de 2010 é um marco para os direitos das mulheres e para a igualdade de gênero, ao incluir o 15º aniversário da Plataforma de Pequim e o décimo aniversário da Declaração do Milênio e da Resolução 1325 do Conselho de Segurança. Faltam apenas cinco anos para que expire o prazo estabelecido para as Metas de Desenvolvimento do Milênio. Ao mesmo tempo, mulheres de todos os lugares, especialmente nos países em desenvolvimento, continuam encarando os enormes desafios da crise financeira global, da insegurança alimentar, dos desastres naturais e provocados pela ação humana e das mudanças climáticas. Enfrentar esses desafios, como deixou claro o relatório “O Progresso das Mulheres no Mundo 2008-2009”, do UNIFEM, requer responsabilização em todos os níveis.
Por: Inés Alberdi
Por esses motivos, chamamos a atenção para outra meta potencial em 2010 – uma mudança que estabelecerá uma nova entidade de gênero na ONU voltada para a igualdade de gênero e para o empoderamento das mulheres, fortemente apoiada pela resolução da Assembléia Geral da ONU de setembro de 2009. A avaliação do progresso das mulheres nos últimos quinze anos, que se está fazendo na reunião Pequim+15 evidenciará, uma vez mais, que, apesar do avanço nas estruturas normativas, falta um impulso na implementação. Avançar no contexto desta resolução é oportuno, também, no contexto da campanha “Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, proposta pelo Secretário-Geral da ONU, com prazo até 2015, o mesmo das Metas do Milênio. Além disto, reflete os esforços para melhorar a responsabilização na implementação da Resolução 1325, do Conselho de Segurança, que reconhece o papel fundamental desempenhado pelas mulheres em todos os aspectos da reconstrução pós- conflitos.
Nas últimas semanas, temos percebido o significativo papel das mulheres na ajuda à reconstrução dos países assolados por desastres. Após o devastador terremoto que destruiu o Haiti, as mulheres, que chefiam aproximadamente metade das famílias no país, têm tomado a liderança nos esforços de reconstrução, cuidando de suas comunidades, improvisando refeições comunitárias e atendendo às crianças. A equipe do UNIFEM no Haiti testemunhou mulheres em abrigos temporários tentando construir uma sensação de segurança para seus familiares, estabelecendo redes de ajuda e dividindo o que tem com as pessoas da comunidade.
Duas semanas atrás, a Presidente do Chile, Michele Bachelet, viajou ao Haiti para expressar solidariedade à luta dessas mulheres por reconstruir suas vidas e suas comunidades – e nesta semana ela está inspirando o seu próprio país a se fortalecer após outro terremoto devastador. Este é o tipo de liderança, desde a comunidade até os níveis mais altos, que as mulheres tem demonstrado em todos os lugares, buscando superar conflitos e crises. Mas, ao contrário do Chile, as mulheres raramente participam dos processos decisórios relativos à ajuda ou aos recursos, ou do planejamento da ação para desastres futuros.
A segurança humana e a assistência humanitária, assim como o desenvolvimento humano, requerem um grande número de mulheres em todas as instâncias decisórias. Certamente o mundo fica em grande dívida para com as mulheres no Haiti e do Chile.
Fonte: UNIFEM