Michelle Obama afirma que já foi tratada de forma diferente por ser negra

A primeira-dama falou de sua experiência ao ser discriminada como primeira dama afro-americana

Por Bruno Astuto, do Época

Em discurso de 30 minutos na historicamente negra Universidade Tuskegee, no Alabama, a primeira dama dos Estados Unidos,Michelle Obama, relembrou a campanha de seu marido, Barack Obama, à presidência, em 2008, e a forma como ela foi tratada pela mídia. “Como potencial primeira dama afro-americana, eu era o foco de um conjunto de perguntas e especulações, muitas vezes, enraizadas em medos e equívocos “, afirmou ela, que citou os termos ‘estranhos’ utilizados para descrevê-la,  como “mama baby”,  e as referências ao “soco de punho de terrorista” que o casal fez na frente das câmeras. “Seria eu muito alta, muito séria, muito castradora? Ou muito mole, muito mãe, e não tão boa o suficiente para uma mulher de carreira?”, disse, indignada.

Michelle Obama também falou de seu horror sobre um cartoon publicado no New Yorker, na época. No desenho, Michelle foi colocada ao lado de um negro, carregando uma metralhadora, e seu marido estava usando tradicional vestido do Oriente Médio. “Ok, era uma sátira, mas se eu realmente estou sendo honesta, isso significou um grande revés para mim, e me fez pensar como as pessoas estão me vendo”, disse Obama.

Ela aconselhou a plateia a ignorar o ruído e a serem fieis a si mesmos. “Naquela época, passei muitas noites sem dormir, me preocupando com o que as pessoas pensavam de mim, me perguntando se eu poderia estar prejudicando as chances do meu marido de ganhar a eleição, temendo como minhas meninas se sentiriam se eles descobrissem o que algumas pessoas estavam dizendo sobre a sua mãe. Aí, fui cuidar do meu jardim na Casa Branca e vi que estava no caminho certo”, disse.

Reconhecendo que ainda não é fácil de ser afro-americano, Obama afirmou: “Isso pode fazer você se isolar. Pode fazer você se sentir como sua vida de alguma forma não importa. E como temos visto ao longo dos últimos anos, esses sentimentos são reais. Eles estão enraizados em décadas de desafios estruturais que fizeram muitas pessoas sentirem-se frustradas e invisíveis, e esses sentimentos estão sendo jogados para fora em comunidades como Baltimore e Ferguson e tantos outros em todo o país”, disse ela, fazendo referência aos tumultos em Baltimore e Ferguson, provocados por tensões raciais.

 

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