MPL deixa ato e diz que direita quer dar ‘ares fascistas’ a protestos

O Movimento Passe Livre (MPL), que organizou os protestos contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo, deixou a manifestação que ocorre na noite desta quinta-feira na capital paulista. Segundo o professor Lucas Monteiro, 29 anos, integrante do MPL, o movimento “não abandonou” os protestos. “A gente saiu porque a manifestação cumpriu com a obrigação dela, que era de comemorar a redução da tarifa.”

“O MPL agora vai sentar e fazer uma avaliação, mas com certeza vai ter mais manifestações pela tarifa zero, só não sei dizer onde nem quando. Fiquem ligados no perfil do MPL no Facebook”, disse Pedro Bernardo, também militante do MPL.

Pedro criticou alguns grupos que estavam na manifestação. “Militantes de extrema direita querem dar ares facistas a esse movimento”, afirmou. Para Lucas, “a hostilidade sempre existiu”.

“Mas hoje é dia de vitória. O MPL deu o exemplo, colocou o povo para participar do processo democrático”, disse Pedro. “Se chamar o povo vem junto, parabéns para o povo.”

O movimento repudiou os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação. No fim do dia, em nota, o MPL afirmou que “desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos”. 

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. No dia 19 de junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciaram a redução dos preços das passagens de ônibus, metrô e trens metropolitanos para R$ 3. O preço da integração também retornou para o valor de R$ 4,65 depois de ter sido reajustado para R$ 5.

 

Deciframe ou te devoro”: a grande mídia e as manifestações

História do Fascismo

Fonte: Terra

+ sobre o tema

para lembrar

Técnicos negros sofrem para quebrar preconceito e ganhar espaço no futebol

Desde que saiu do Flamengo campeão em 2009, Andrade...

Cotas Raciais: O Acinte das Fraudes

Vivemos presentemente no país uma onda de indignação: de...
spot_imgspot_img

Cinco mulheres quilombolas foram mortas desde caso Mãe Bernadete, diz pesquisa

Cinco mulheres quilombolas foram mortas no Brasil desde o assassinato de Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, em agosto do ano passado. Ela era uma das...

Independência forjou nação, mas Brasil mantém lugares sociais de quem manda

Em pleno dia em que celebramos a independência do Brasil, vale questionarmos: quem somos enquanto nação? A quem cabe algum direito de fazer do...

Os outros

O que caracteriza um movimento identitário é a negação de princípios universais somada à afirmação de um grupo de identidade como essencialmente diferente dos "outros" e...
-+=