Mulher e racismo, tema de 21 dias de evento em Mogi

A partir desta segunda-feira (5), terá início na Cidade a programação ’21 dias de ativismo pelo fim do racismo e da violência contra a mulher’. Toda a programação, que segue aberta ao público até o dia 25, está sendo organizada por uma pool composto por vários grupos locais, como o Coletivo Capitu, Coletivo Materno, Casarão da Mariquinha, ONG Makaúba, ONG Recomeçar, Fórum de Mulheres “Filhas da Luta” e Unegro/Coletivo Aos pés do Baobá. A agenda é gratuita e envolve atividades culturais, palestras, oficinas, exposições, intervenções, debates e seminários.

Por Heitor Herruso, do O Diário de Mogi

Palestras, exposições e show falam sobre a violação de direitos. (Foto: Lethicia Galo)

Todas as discussões da programação culminarão num manifesto que será lançado ao fim dos 21 dias, na quadra da escola de samba da Vila Industrial. “Às 11h do último dia realizaremos o ‘Samba-Manifesto: Existo porque Resisto’, que além de falar sobre o fim do racismo e violência contra a mulher, visa arrecadar fundos para a ONG Recomeçar, instituição que abriga mulheres vítimas de violência e ameaças de morte”, conta Valéria Graziano, jornalista e uma das organizadoras do movimento.

Segundo Valéria, esse formato de ativismo em 21 dias já existe, porém habitualmente trata apenas do racismo. “Esse modelo surgiu há alguns anos, na capital carioca, e logo passou a ser organizado em outras cidades. Pela primeira vez em Mogi, estamos inovando ao incluir debates sobre a violência contra a mulher”, diz.

Mara Vidal, também jornalista e idealizadora da campanha, justifica que trabalhar as duas temáticas é primordial, ‘já que o racismo estrutural e a violência afetam, de maneira mais profunda, as mulheres negras’.“Nos afetam pelos estereótipos ligados aos trabalhos com menor valor de remuneração e mais precários, pelo lugar periférico que a maioria da população negra ocupa, pela negação de memórias ancestrais, pela educação racista e sexista, pelas escolhas religiosas, enfim, em todas as dimensões da vida”, destaca ela.

Origem do movimento

A articulação ‘Mogi Sem Racismo E Sem Violência Contra A Mulher’ nasceu no último mês de janeiro, a partir do entendimento de que as violências, desigualdades e violações de direitos e liberdades fundamentais só podem ser enfrentados a partir da mobilização social, contando com diferentes forças que têm como horizonte comum romper com a lógica excludente e opressora que opera o Estado desde a conquista colonial.

Ao longo dos próximos 21 dias, as atividades acontecerão em vários espaços da Cidade, inclusive com alguns eventos simultâneos (para saber mais, veja o quadro nesta página). Outras informações podem ser adquiridas na página da campanha na internet – www.facebook.com/existoresisto.

Roda de samba encerra a campanha
Depois de todas as discussões dos ’21 dias de ativismo pelo fim do racismo e da violência contra a mulher’ será lançado o ‘Samba-Manifesto: Existo porque Resisto’, no dia 25 de março, na quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Vila Industrial. Na ocasião, haverá uma feijoada, animada pelo som de diversas cantoras, compositoras, instrumentistas, artistas e ativistas que apoiam o movimento. Dentre os destaques estão o grupo Samba Negras Em Marcha, o coletivo Coco De Oyá, a atriz Luiza Romão, a cantora Letícia Coura a percussionista Dani Zulu e a atriz Palomaris Mathias.

Além de amarrar todos os eventos da campanha, a roda de samba visa arrecadar fundos para a ONG Recomeçar, que abriga mulheres (acompanhadas de seus filhos) vítimas da violência e ameaçadas de morte. “Essa atividade encerra todo o ciclo que iniciamos com outras ações, como debates que contam com vários convidados especiais, dentre eles Mercedes Guarnieri, do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo e o Dr. Hedio Silva, advogado das religiões afro-brasileiras no STF”, afirma Valéria Graziano, jornalista e uma das organizadoras da campanha.

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