O percussionista trabalhou com crianças e adolescentes na montagem de um espetáculo chamado ‘Calungá’
Por: FERNANDA IKEDO
O músico Naná Vasconcelos, 67 anos, começou a ouvir o som produzido pelo seu próprio corpo e a explorar sua voz quando ainda era um menino.
Foi assim que despertou seu espírito para a arte de desbravar o universo musical, com estilo próprio. Aos 9 anos, já estava fazendo shows em casas noturnas e prostíbulos, com a devida autorização judicial.
Naná integrou a banda de Milton Nascimento e já repercutiu seu som pelo país e no exterior. Apesar disso, ele diz: “Faço música brasileira, mas o Brasil não conhece”, desabafa o percussionista, após o último ensaio realizado no polo de Sorocaba do Projeto Guri, de formação musical e que atualmente funciona no Instituto Humberto de Campos.
Junto com crianças e adolescentes que integram um Grupo de Referência (coral e percussão), Naná ficou quatro dias trabalhando na montagem de um espetáculo chamado “Calungá”.
O convite dessa participação surgiu do diretor artístico do espetáculo, Chico Santana, 30. “Trabalhamos com os guris a matriz africana, com a diversidade e as influências da África”. O repertório do show, que deve ficar pronto até final de maio, é composto por canções do álbum “Canto dos Escravos”, que traz Clementina de Jesus, Tia Doca e Geraldo Filme. As apresentações devem acontecer em junho em Sorocaba, São Paulo, São José dos Campos e Santos.
Calungá
O mar que separou os africanos de sua terra, agora une. Esse é o ponto de partida para o trabalho do projeto Calungá, desenvolvido pelo diretor artístico Chico Santana. “Calungá no dialeto banto significa mar e também diz respeito à mudança da água”, diz.
Depoimento
O estudante Vinicius de Castro Celestino, 9, é um dos mais novos da equipe de guris. Ele toca percussão e também canta. “Eu gosto de vir para cá e ensaiar as músicas e os cantos”, diz bem humorado, depois de participar de um trecho da canção “Navio Negreiro”
Produto
Será lançado um DVD e um documentário.
Fonte: Rede Bom Dia