Pés descalços,
Gesto simples,
Vendo para que compres,
Essas vidas sem calços.
Negros de nariz amassado,
Mas de músculos de pedra,
Carregam baldes de merda,
Sobre os cabelos crespos maltratados.
Comprem enquanto estão vivos,
Comprem antes que a morte os leve,
Suportarão o deserto e a neve,
Comerão seus animais nocivos.
Pés ainda descalços,
Correntes ainda pesadas,
Liberdades assassinadas,
Esperança na corda com laços.
Uma luta,
Forças desiguais,
“Não somos animais!
Rebanho de filhos da p…”
De pés calçados,
Olhando com olhos altivos.
Sim, ainda estão vivos,
Os mesmos pálidos desgraçados.
Séculos se passaram,
Dizem que a história é outra,
Mas há quem seja contra,
Os laços já se quebraram?
por Wesley Sobrinho – Negros a venda