Nelson Rodrigues é retratado por meio das próprias palavras em exposição em São Paulo

Por: Daniel Mello

 

São Paulo – Amor, bondade, hipocrisia, canalha, adúltera, racismo e fome são algumas das palavras que se espalham pelo chão para receber o visitante da Ocupação Nelson Rodrigues. As expressões foram escolhidas entre as mais usadas nas crônicas e peças do dramaturgo e jornalista. A mostra ficará aberta até o dia 29 de julho no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, região central da capital.

A essência da mostra é retratar Nelson a partir da visão do próprio artista. ‘Por meio do que escreveu e do que falou em depoimento e entrevistas sobre ele e sua obra. O que pensava da sociedade, da carreira jornalística, da carreira dramatúrgica, da relação com a família, as memórias’ explica a assistente de curadoria e diretora do audiovisual da exposição, Sonia Muller.

Todas as tragédias e desilusões presentes nas suas obras eram, para Nelson, apenas um reflexo da realidade. ‘Ele não inventou a tristeza, o homem é triste porque nasceu. Ele não inventou a angústia’, explica Sonia, sobre o pensamento do autor. Apesar disso, o dramaturgo inseria nos textos a punição que nem Deus, nem a lei conseguia jogar sobre os homens. ‘Ele diz que as peças dele são o único lugar onde o ser humano paga pelos seus pecados’, ressalta.

Por outro lado, Nelson, conhecido pelo teor erótico de muitas obras, tinha um apreço especial pelo tema amor. ‘Ele fala sobre a importância do amor, que o ser humano precisa amar e que o sexo pelo sexo era a desgraça do homem. O homem que fazia sexo sem amor era um desgraçado’, conta Sonia, ao destacar os assuntos que atraíam a atenção do autor.

Outro tema que mereceu atenção especial do escritor foi o preconceito. ‘Muito cedo percebeu quão ruim e nefasta é a injustiça, isso é muito presente na obra dele. O racismo, a homofobia, ele lidava com esses temas porque conseguia enxergar o ser humano’, explica a diretora.

‘O pai dele, como jornalista, denunciava o preconceito racista contra as classes populares, contra a classe artística, o preconceito religioso’, acrescenta Sonia, ao comentar como a família ajudou a moldar o escritor. As relações familiares são, inclusive, um capítulo à parte da ocupação. ‘Nós fomos a Pernambuco e entrevistamos pessoas ligadas à família e parentes que ficaram lá. Uma família unida e que permitia que cada um pudesse desenvolver os seus talentos e se afirmar como indivíduo autônomo e crítico’.

 

 

 

Fonte: Msn

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.