O amor, o armário e a armadilha.

(A porta entreaberta)

Por Eloá Kátia Coelho Enviado para o Portal Geledés

Retire a mascara
Mostre ao mundo a cara…
Veja estamos na primavera
Nesta estação à vida é colorida e bela…
Rompa o silêncio interno…
Nem que seja no próximo inverno…
Hei? Saia do armário.
Não seja mais um voluntário;
Deste jogo que é imaginário.
Quer saber retardatário?!
É mais uma que adverbializam. 
Porque as emoções imobilizam…
Dessecam todo o corpo…
E com foco vira um escopo.
O cérebro ficou oco…
Então, se o amor for pouco dê o troco.
Não inspira?
Nem respira…
Nem viu…
Não sentiu…
Pô!
Não tem ar…
Não deixam amar.
É mais uma marionete…
Nem mexe, nem remexe e nunca opinião pública remete…
É mais uma ninguém…
Que dá amém e nem sabe para quem?
Aprenda espontaneamente do amor falar…
Ele a libertará…
E assim asas há para voar…
Na vida pode se perder para depois se achar…
Mas não precisa a si mesmo abandonar.
Este poema eu faço por inteiro…
Sou gostar verdadeiro.
O amor nasce puro…
Não há muro.
Amar é um ato político…
Urgentemente crítico.
A consciência tem voz.
Não seja minha algoz!
Neste mundo recrudescido… 
Há quem tenha assistido…
O beijo arco iris na estação da luz…
Relação homo afetiva não é uma cruz!
Assim como na estação da liberdade…
De mão dada, na minha mão, aparece muita vontade.
Há amor em São Paulo…
Faço música romântica  com o instrumento “aulo”…
É fundamental aumentar e espraiar…
Muitas fileiras e marchar…
Igualdade… Igualdade… Igualdade…
“…Devemos gritar assim…
Ainda não chegou ao fim…
Tem muito mais para mim…”
E a porta entre aberta ficou?
Lá no armário para sair demorou;
Nem reparou…
Que o tempo passou?
Aquelas fotos lindas tirada da retina chorou…
E a gente dançou…
A valsa do sonho se foi…
Então eu falei: – OI?
Era para amar e não machucar…
Nem usar, manipular…
E muito menos meu afeto roubar…
Foi o maldito armário, quando criaram.
De propósito lá seu protagonismo enjaularam.
Era ele, o armário, e nem percebeu.
Não, não, não, nunca fui EU.
Veio ao mundo numa perversa trilha.
Este armário é armadilha…
Que repetida…
Acovarda a vida; 
Fica latentemente ferida…
Nesta cidade? 
Neste presente arde…
E ficou do avesso?
Porta trancafiada não tem acesso.
A ponta do ruído apareceu desde o começo?
Não! Construímos um novo endereço!
Refluxo é pensar: – Que no armário poderá ficar…
E eternamente eu amar.
É uma afirmação que gera outra afirmação igual…
Imperativo colocar ponto e ponto final.

O êxito desta opressão maldita

Não delimita…
Quando atinge…
Não distingue.
Arrebata, angustia qualquer afeto…
Enlouquece e mata o amor direto.
Elimina direito de livre estar…
Em público a emoção expressar.
O armário é um opressor
Com calibre silenciador.
Homofobia, preconceito e discriminação.
Não aceita isto não!
Antes tinha C.I.D e tal…
E diziam: – Não, não, não é normal!
Agora tem outro diagnóstico.
Utilize o prognóstico!
Identidade sexual não é doença…
A mentira que contam e que alimenta é mais uma crença.
O armário é a síntese da omissão escancarada…
Completamente amaldiçoada!
E fica assim entorpecida…
Enfraquecida…
Debilitada…
Abatida e amedrontada? .
Infelizmente não deixam andar?
Na casa (R1) onde diz nascer, crescer e visitar.

O armário é cruel, traiçoeiro, desumano, impiedoso e vil.
A cabeça fica a mil.
Como nem pensa, então apavora…
No escuro, sozinha e solitária chora…
A saber com quem está no armário novamente quer entrar?
E a mim quer amar?
Somente transparência eu tenho para dar.
Nasce, cresce e vivi neste armário viciado em não…
Não pode falar.
Não pode de mão dada andar.
Não pode beijar…
E nem acarinhar…
Enfim, em público comigo, não pode ficar…
Nem nossa felicidade pode dividir com a família nuclear?
Então, eu não posso nesta relação ficar…
O princípio da racionalidade eu preciso exercitar!
O armário é “figurativamente” uma grande e isolada ilha…
Mais sufocada vai ficar dentro desta bastilha?
Este lado da vida sombrio e aterrorizante…
Que mesmo na lua minguante…
Fica na treva das cavernas de antes?
Continua a esconder?
Infelizmente para ninguém nos ver?
Eu vou cair fora…
Saio daqui agora…
No armário tratam este olhar lindo como doente..
Repete a palavra “armário” como uma fantoche obediente.
Da teoria e da prática fica bem distante…
Reproduz o que o opressor manda e se acha emancipada?
E o opressor ai dentro, cotidianamente, dá risada…
As vezes é somada outras subtraída, fica na ficha contabilizada, …
Necessitam desta alienação para ficar fechada…
No armário fica nua e não veste…
E a sensação acarinhada impiedosamente traveste.
Todo o dia? Que agonia!
Então, deseja me oferecer?
Este armário que acredita ter?
Deste jeito…
Não tem efeito…
Na casa onde mora (R2) não quero viver!
Não altera, nem se abala.
Nada fala…
Neste assunto cala.
O armário abafa desde cedo…
Ele impõe medo?
Grande e com alto-falante…
Continua neste movimento, de negação, gigante.
A dor da alma é gritante!
Repertório infantil que parece esconde – esconde…

Responde!

Não escuta que tem saída;
Por este “fantasma” está proibida.
Era para ser comigo sincera…
Agora já era…
Invadiram a mente….
E fica assim torpe e doente…
E nem sente…
Acena-me e pede ajuda, então quer este cenário alterar?
Beija-me, quer solicitar contigo amar?
Esta é a situação posta.
Pragmaticamente não me habilito a ficar composta.
Por quê?
Para o amor não tem o armário!
Amar é revolucionário.
O amor quebra paradigma…
Não permita que marquem sua vida com este estigma…
Sinta o pulsar, o suor e a paixão…
E diga: – Armário e a armadilha não, não é não.
Chegou numa idade que quando viu? 

Ops, o armário sumiu…
Porque ele, fisicamente, nunca existiu…
Gritei tanto para resolver e mesmo ver…
É uma ideologia…
Que afligia.
E tirava a alegria
E nem mais ria…
Mas via e queria…
Vamos, de novo, para a estação da luz e da liberdade?
Agora não tem mais arremedo pode sair cedo…
E lógico, voltar para a casa também mais tarde…
É tão ideológico…
Que parece ilógico…
Queres defender a vida privada?
Eu quero falar de felicidade aflorada!
Então?
Estamos em contra mão de vocação…
Vamos dar um tempo?
Minha preta vem cá e me aqueça…
Não permita que sua saúde adoeça.
Aconteça;
Apareça;
Conheça;
Ofereça;
Reconheça;
Permaneça;
Mereça;
Não, não obedeça!
Dê visibilidade…
Viva esta verdade!
De fato?
Sinta este olfato!

O que quer?

Quer eu seja tua, tua mulher!

Olha só? Não cansa…

Porque lá fora tem muita mas tem muita ESPERANÇA!

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