O mercado de trabalho é machista e racista, diz dirigente da CTB

Se as mulheres recebem salários 26% menores que os homens, segundo o Relatório Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, do IBGE, divulgado recentemente, as negras estão em muito pior situação.

Por Marcos Aurélio Ruy, noVermelho

O rendimento mensal dessa parcela de brasileiras (R$ 726,85) equivale à metade do das brancas (R$ 1396,32). Além disso, “às negras são destinados os piores e mais longínquos trabalhos”, afirma Mônica Custódio, secretária de Promoção de Políticas de Igualdade Racial da CTB.

Ela explica que, principalmente em situação de crise, “são as primeiras a ser demitidas, têm condições de trabalho muito mais precárias, contam com jornada de trabalho flexível, o que aumenta significativamente as relações de suas vidas”, reforça Mônica. A ativista e dirigente sindical ressalta que a violência contra a juventude pobre e negra atinge em cheio as mulheres negras. “Elas são mães, filhas ou mulheres de jovens que estão sendo assassinados todos os dias e sofrem porque não constituem família para morrer”, garante.

Para Mônica, “o Estado é responsável pela violência contra as mulheres e suas famílias”. E para acabar com essa violência, a cetebista defende o fim do auto de resistência, que “é um álibi inventado para a polícia justificar o genocídio da juventude negra no país”. Além do fim do auto de resistência, ela preconiza a desmilitarização da polícia, criando uma “polícia preparada, civil e controlada pela sociedade”, acentua.

“Já passa da hora de o Estado brasileiro investir massivamente na educação. A população mais carente precisa de creches e de escolas em tempo integral. Somente dessa forma podemos tirar nossas crianças da situação vulnerável”, reforça a metalúrgica carioca. Em relação ao mercado de trabalho, ela defende remuneração igual para trabalho igual. Por isso, justifica, Mônica, “é fundamental a intensa mobilização das mulheres para tomarem as ruas neste domingo para deixar bem claro que queremos a continuidade da Política de Valorização do Salário Mínimo e precisamos avançar nas políticas sociais, acarretando melhorias na vida das mulheres”.

“O Estado tem obrigação de propiciar chances iguais para todos e em relação ás mulheres negras precisamos aumentar a escolaridade delas e propiciando valorização e aprimoramento profissionais”, define. “Precisa também criar políticas públicas que combatam o racismo e o machismo imperantes inclusive no mercado de trabalho”, revolta-se.

 

+ sobre o tema

Carta aberta a uma mãe

Carta aberta de uma mãe que não sabe o...

Terceirização tem ‘cara’: é preta e feminina

O trabalho precário afeta de modo desproporcional a população...

Exclusão de gênero do Plano Nacional de Educação é retrocesso, diz educador

Termo foi retirado também de planos municipais e estaduais...

Arquitetura dos direitos reprodutivos e ameaças ao aborto legal e seguro

Iniciamos esta reflexão homenageando a menina de 10 anos,...

para lembrar

Denunciadas pelos médicos

Por Ligia Martins de Almeida “De um milhão de abortos...

Somos Lupita e somos lindas – Por Luciana Soares

Quando a atriz estadunidense Gwyneth Paltrow foi considerada...

Mãe negra, criança negra: identidade e transformação

Desde os relacionamentos que geram uma gravidez até o...

À CNN, Dilma volta a dizer que sexismo contribuiu para impeachment avançar

Presidente disse que, quando a classificam como "dura", ela...
spot_imgspot_img

Sonia Guimarães, a primeira mulher negra doutora em Física no Brasil: ‘é tudo ainda muito branco e masculino’

Sonia Guimarães subverte alguns estereótipos de cientistas que vêm à mente. Perfis sisudos e discretos à la Albert Einstein e Nicola Tesla dão espaço...

Mulheres sofrem mais microagressões no ambiente de trabalho e têm aposentadorias menores

As desigualdades no mercado de trabalho evidenciam que as empresas têm um grande desafio pela frente relacionado à equidade de gênero. Um estudo recente da McKinsey...

Sem desigualdade de gênero, mundo poderia ter PIB ao menos 20% maior, diz Banco Mundial

O Produto Interno Bruto (PIB) global poderia aumentar em mais de 20% com políticas públicas que removessem as dificuldades impostas às mulheres no mercado...
-+=