O sucesso atemporal de um livro, “O Pequeno Príncipe”, aos 71 anos – Por: Fátima Oliveira

Publicado em abril de 1943, traduzido para mais de 200 línguas, só perde para a Bíblia em traduções e vendas, até hoje! No Brasil vende cerca de 300 mil exemplares anuais! Falo de “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), piloto da Segunda Guerra Mundial, escritor e ilustrador francês, que, aos 44 anos, pilotando um avião militar, foi abatido pelos alemães num voo de reconhecimento entre Grenoble e Annecy, na França. Era julho de 1944. Em 2004, foram encontrados os destroços de seu avião na costa de Marselha.

Por: Fátima Oliveira

O sucesso atemporal de “O Pequeno Príncipe” é inexplicável e não é! Simples assim. Complexo assim. Em “Do tempo em que ler ‘O Pequeno Príncipe’ era obrigação”, iniciei dizendo que, “quando eu era adolescente, a resposta clássica a qualquer entrevista de uma candidata a miss que se prezasse – o concurso de Miss Brasil arrastava multidões e tinha prestígio – é que ‘O Pequeno Príncipe’ era o seu livro de cabeceira! Nem pensar numa miss que não lera o célebre livro de Antoine de Saint-Exupéry. As aspirantes a miss banalizaram um livro, literária e filosoficamente, precioso, cuja leitura era obrigatória em meu tempo de ginasiana (…). Em geral, quando falo sobre o tema, ouço: ‘É a nova! Do tempo em que era obrigatória a leitura de ‘O Pequeno Príncipe’!’ Lamento que não seja mais. Por vários motivos.

“Um deles é que ‘O Pequeno Príncipe’ é uma alegoria em prosa-poema sobre a amizade e a transcendência dela; sobre a sofrença e o encanto do amor e seu entorno filosófico; e nos ensina o valor da ética da responsabilidade e das coisas que não estão à vista, mas no horizonte: ‘O que torna belo um deserto é que ele esconde um poço em algum lugar’. Outra razão é que livros como ele são companhias prazerosas e enriquecedoras a qualquer momento. É engano considerá-lo piegas, apesar de que pieguice tem serventia e hora – nem sempre é coisa boba, condenável ou execrável, podendo, inclusive, ser terapêutica”. (O TEMPO, 8.2.2011).

Reafirmo: “Ninguém lê ‘O Pequeno Príncipe’ e continua a mesma pessoa”, porque ele expressa uma visão de mundo decente, tanto que, no texto mencionado, eu o recomendei à presidente Dilma Rousseff para sessões de biblioterapia – o livro como recurso terapêutico – com o PMDB. Ela e seus marqueteiros não deram a menor pelota. Das duas, uma: desconsideram solenemente conselhos, talvez porque sentem que detêm o monopólio de neurônios humanos… Só eles os possuem. Ou talvez estejam convencidos de que o PMDB é um caso perdido.

A minha intenção hoje ao falar sobre “O Pequeno Príncipe” é “mulherar” a minha professora Helena Coimbra, que dava aula de religião no Colégio Colinense quando eu entrei no ginásio (hoje, quinta série do ensino fundamental), em 1965. Era uma jovem sábia. Dava meia hora de aula, e o restante do tempo era dedicado à leitura, em voz alta, de “O Pequeno Príncipe”. Como esquecer uma professora assim? Ela era dona do único exemplar do livro na cidade! Eu a assediava muito para ler aquele livro em casa. Ela dizia “não”! Todavia, na primeira viagem que fez a São Luís, comprou um exemplar e me deu de presente!

Sou compradora quase compulsiva de “O Pequeno Príncipe”. Sempre tenho em casa alguns exemplares. É um curinga para presentear pessoas de qualquer idade quando não dá tempo de comprar presentes de aniversários com convites de última hora. É que eu não presenteio com coisas de que eu não gosto, ainda que a pessoa peça. É que quando dou um presente, estou dando também um pedaço de mim.

Fonte: O Tempo

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