O transporte de tração animal no Central Park e no Sul de Minas

Sou aficionada por revistas e livros sobre animais de montaria. Gosto de cavalos e jegues. E, depois que conheci o cavalinho piquira, ter um é meu sonho de consumo.

Por: Fátima Oliveira

Em várias crônicas, registrei que, em meu sertão, lá nos cafundós do Maranhão em minha meninice, por necessidade de transporte, aprendi a montar. Fora o “Misto” (ônibus com carroceria), que no verão cortava o sertão uma vez por semana, viajava-se em cavalos, burros e jegues ou em carro de boi!

No ano passado li que “Cavalo explorado por charreteiros morre subitamente em pleno centro de Nova York”. Dizia a matéria que, “exatamente às 8h30 da manhã, um cavalo sofreu um colapso e morreu na 54th Street. Ele tinha acabado de deixar o estábulo e se dirigia ao Central Park” (23.10.2011). Dizem que o cavalo morreu de exaustão! Para quem gosta de cavalos, ou andou numa charrete no Central Park, a tragédia dá tristeza.

As opiniões sobre o fato são quase unânimes: “Um cavalo saudável não deveria simplesmente morrer no meio da rua” e “a morte súbita de qualquer cavalo é muito incomum, e essa morte é um sinal de que não podemos permitir que cavalos continuem a trabalhar nas ruas duras da cidade”. Há uma luta não desprezível para abolir as carruagens puxadas por cavalos no Central Park.

No começo do ano, pipocaram denúncias de maus-tratos a cavalos que conduzem charretes no Sul de Minas, que tem como uma atração turística passeios de charretes em Poços de Caldas e nas principais cidades do Circuito das Águas (composto por dez municípios): Cambuquira, Caxambu, Lambari e São Lourenço.

Tudo explodiu quando “Iraque, um cavalo de 12 anos, voltava para casa, em 30.12.2011, caiu na rua e foi fotografado, após ter feito, segundo o dono, dois passeios e aparentar estar mal (cólica renal)”. A versão corrente é que o veterinário Mariano Etchichury atestou “exaustão por esforço físico”.

A foto “caiu na web” e protagonizou mobilização que desaguou numa audiência pública e num aceno de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a Associação dos Charreteiros. Em debate, duas propostas: extinguir/proibir passeios de charrete, pois os cavalos são maltratados, inclusive carregando peso além do que suportam; e exigência de “melhorias e mudanças no serviço de charretes, especialmente quanto ao tratamento adequado aos animais”. Destacando que os cavalos charreteiros sofrem maus-tratos, ambas publicaram abaixo-assinados corroborando suas visões.

Ressaltando que o transporte por tração animal é o meio de transporte mais antigo do mundo, não se configura crime um animal conduzir arado, carroça, charrete, carruagem ou meio de transporte similar movido por tração se respeitados os princípios da ciência do bem-estar animal – expostos pela veterinária e psicóloga Mariângela Freitas de Almeida e Souza no artigo “Implicações para o bem-estar de equinos usados para tração de veículos”. É aplicar com rigor o instrumento das “cinco liberdades” que avaliam as necessidades básicas (físicas, mentais e comportamentais) de equinos que realizam trabalho de tração de veículos: (1) Livre de fome e de sede; (2) Livre de dor, lesões e doenças; (3) Livre de desconforto; (4) Livre de medo e de estresse; e (5) Livre para expressar comportamento natural.

Há problemas no trato com os animais. Cabe às prefeituras uma atitude que considere a proteção dos animais e das famílias que vivem das charretes. Urge encontrar uma solução que, ao mesmo tempo, proteja os animais e assegure a idílica atração turística dos passeios de charrete.

 

Fonte: O Tempo

 

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