O presidente dos EUA, Barack Obama, reuniu vários ativistas do movimento negro norte-americano — principalmente da organização Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) — em um encontro na Casa Branca, na quinta-feira (18/02), para debater reformas na Justiça criminal do país.
Britanny Packnett, do Black Lives Matter, e DeRay Mckesson, do mesmo movimento e co-fundador do We the Protestors e da Campanha Zero, estiveram na reunião, que também debateu a questão do uso da força policial. Além deles, participaram o pastor protestante e ativista de direitos civis Al Sharpton; Cornell Brooks, presidente do Naacp (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor); o congressista John Lewis, democrata que representa o estado da Georgia, entre outros.
Durante o encontro, Mckesson, que também é pré-candidato a prefeito de Baltimore, chegou a pedir ao presidente que considerasse o estabelecimento de um novo padrão para o uso da força pela polícia. Em reposta, Obama disse que iria pedir à Procuradora-Geral dos EUA, Loretta Lynch, também presente, que investigasse o que pode ser feito.
“Foi importante me conectar com o presidente. Eu também perguntei por que políticas federais do uso da força [policial] não incluem políticas de preservação à vida”, afirmou Mckesson a The Guardian após a reunião.
“Nós tivemos uma conversa que durou mais de 90 minutos. O presidente até passou do horário porque queria que continuássemos com o diálogo. Nós tivemos muitas oportunidades para trazer estratégias que temos de luta social, no que diz respeito à reforma da justiça criminal, violência policial e desigualdades sistêmicas da educação”, disse Packnett à Time.
Obama elogiou os ativistas e os protestos que realizaram especialmente na cidade de Ferguson, onde o jovem negro Michael Brown foi morto pela polícia.
“Eles são muito mais organizados do que eu era quando tinha a idade deles e eu estou confiante de que vão levar os EUA a novas alturas. O nível de foco, seriedade e construtivismo [do Black Lives Matter] me lembra organizações de direitos humanos mais experientes”, disse o presidente.
Ativista do Black Lives Matter Chicago rejeitou participar do encontro
A ativista líder do Black Lives Matter de Chicago, Aislinn Pulley, rejeitou o convite da Casa Branca de participar do encontro de quinta.
Segundo ela, a ocasião serviria apenas para “legitimar a falsa narrativa de que o governo está trabalhando para acabar com a brutalidade da polícia e o racismo institucional que a abastece”,escreveu Pulley no site Truthout.
“Eu tinha a impressão de que uma reunião estava sendo organizada para facilitar a troca genuína de assuntos que dizem respeito a milhares de negros nos EUA. Mas, em vez disso, foi arranjada basicamente uma oportunidade de foto e 90 segundos para ouvir o presidente”, disse ela.
Obama não mencionou a falta de Pulley quando falou com a imprensa após a reunião.