ONGs pedem paridade de gênero e raça para a COP30 no Brasil

Manifesto pleiteia, além de posições de liderança, que políticas climáticas incluam perspectivas sobre as mulheres

Dezenas de organizações ligadas a temáticas ambientais e sociais lançaram um manifesto nesta sexta-feira (8), Dia da Mulher, pedindo que a COP30, a conferência do clima da ONU que deve acontecer em Belém em 2025, tenha paridade de gênero, raça e classe.

O documento foi organizado pelo Observatório do Clima, rede que reúne mais de cem entidades não governamentais, e teve mais de 50 ONGs signatárias.

O texto pede que a diversidade de participantes seja respeitada tanto durante a organização do evento no Pará quanto nas negociações. O documento será entregue pelas ONGs aos ministérios de Relações Exteriores, Meio Ambiente e Mudança Climática e Igualdade Racial.

“Demandamos que as delegações do governo para a COP30 sejam montadas de forma equitativa e adotem medidas concretas para garantir uma representação de mulheres em todos os níveis de participação, considerando o critério de raça, etnia, geração, identidade de gênero e orientação sexual nos espaços de decisão”, diz.

A manifestação das organizações ecoa uma crítica histórica quanto à disparidade de gênero e raça nos espaços de negociação climática.

Em janeiro, o Azerbaijão, anfitrião da COP deste ano, chegou a divulgar um comitê organizador da cúpula composto apenas por homens. Após críticas, a equipe foi ampliada e algumas mulheres foram incluídas.

“Depois de três COPs sediadas por países em que ser mulher já é algo desafiador —Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão—, o governo brasileiro terá a oportunidade de construir história de maneira genuinamente democrática. Começando pela delegação do Brasil e se estendendo para as negociações, cada vez mais urgentes em respostas abrangentes e efetivas”, afirma em comunicado Isvilaine Silva, integrante do grupo de trabalho de gênero e justiça climática do Observatório do Clima.

O documento das ONGs pede, ainda, a inclusão de perspectivas de gênero em políticas climáticas, investimentos em programas de formação, e igualdade de oportunidades, com a eliminação de barreiras que impedem o acesso de mulheres a recursos.

Além desses pontos, coloca como condições essenciais a transparência nas ações do governo em relação à promoção da paridade e o combate à violência de gênero relacionada ao clima.

As mudanças climáticas impactam desproporcionalmente as mulheres, que são mais expostas à migração, violência, evasão escolar e perda de renda como consequência de eventos extremos.

“Acreditamos que a inclusão plena e a igualdade de participação de mulheres, homens e outras identidades de gênero é essencial para a construção de um futuro resiliente e sustentável para o nosso planeta”, afirma o manifesto.

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