Oswaldo de camargo: a voz de um bragantino na literatura brasileira

“Quem pesquisar sobre literatura negra no Brasil tem que passar obrigatoriamente por Oswaldo de Camargo. Poeta, escritor, jornalista, pesquisador, é referência mundial não somente pela importante obra já escrita, mas pela luta que travou, e ainda trava, contra o preconceito racial nas mais diversas formas”.

Do Olhar Bragantino

Esta é a abertura do programa Persona, de Curitiba (pode ser visto aqui) quando o convidado foi o escritor bragantino – com traduções para o alemão, francês, inglês – Oswaldo de Camargo.

No próximo sábado, dia 18, ele estará na USF para apresentar seu último livro, Raiz de um Negro Brasileiro, que trata-se de suas memórias de infância em Bragança Paulista.

Filho de caipiras analfabetos nasceu em 1936 na Fazenda Sinhazinha Félix (mais tarde Fazenda do Trigo), zona rural de Bragança, onde seus pais eram plantadores de café.

Desde os primeiros textos, Bragança e sua paisagem já aparecem na obra do escritor.Deodato (1972), Oboé (2013), e agora o já citado Raiz de um Negro Brasileiro.

“Bragança marcou muito o meu trabalho. Quase tudo que escrevo tem as marcas da minha terra. Também muito do que escrevo é uma transfiguração da imagem do meu pai”. Pai que faleceu quando o jovem Oswaldo tinha sete anos.

Sem ninguém próximo para acolhê-lo, acabou encaminhado para o Preventório Imaculada Conceição, instituição em Bragança Paulista que acolhia filhos de tuberculosos, já que sua mãe havia falecido da doença um ano antes da morte de seu pai.

Dos 12 aos 17 anos estudou no Seminário Menor Nossa Senhora da Paz, em São José do Rio Preto, cidade que ficou até 1954. Partiu para a capital paulista onde estudou piano e harmonia no Conservatório Santa Cecília.

Em 1959 estreou com o livro de poemas O homem tenta ser anjo, no tempo que era diretor de cultura da Associação Cultural do Negro em São Paulo, e trabalhava como revisor no jornal Estado de São Paulo, empresa que iniciou na carreira de jornalismo em 1955.

Herdeiro de buscas culturais de negros que, no início do século XX, começam a reavaliar a situação do afro-brasileiro, sobretudo se utilizando de armas como agremiações de cultura, jornais alternativos, teatro negro e a literatura, com a inspiração de Lino Guedes e Solano Trindade.

“A literatura para mim não é apenas o texto. É uma ferramenta para transformar o mundo. Mas não é uma literatura só para negros, é para defrontar também o branco. Para que o branco compreenda o meu mundo”.

O evento na USF em Bragança Paulista acontece no sábado, dia 18, na Sala 12 do Prédio 4, a partir das 9h.

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