O trio Clarianas, grupo de pesquisa musical formado por Naruna Costa, Martinha Soares e Naloana Lima, divulga hoje seu mais novo single-clipe, “Garimpo Yanomami”:
Poética e impactante, a canção aborta a luta ancestral dos povo originários brasileiros ao mesmo tempo em que denuncia o garimpo ilegal que corrói diferentes solos indígenas no país.
A participação da ativista indígena Ehuana Yanomami transforma “Garimpo Yanomami” num canto de protesto ainda mais urgente e vibrante e a intersecção de sua voz com as Clarianas reforçam uma identidade única à música, que de algum modo reverbera a ideia de uma união “amefricana”, ecoando os postulados da intelectual brasileira Lélia Gonzalez.
“Quando Naloana, sentiu, intuiu esse canto que veio num chamado urgente, por tudo que vimos no início do ano em relação aos povos Yanomamis, aquelas imagens de um povo sendo exterminado pela ganância e usura dos poderosos, isso chocou o mundo. Então não é possível ficarmos paradas sem fazer nada, o que podemos fazer é contribuir através do nosso canto, um canto anticolonial, que busca fortalecer a luta do povo preto, periférico, dos povos originários, fortalecer a luta dos povos indígenas e sobretudo yanomamis”, comenta Martinha Soares sobre “Garimpo Yanomami”.
Com direção musical de Naruna Costa e composição de Naloana Lima, em “Garimpo Yanomami”, as Clarianas cantam as marcas profundas do colonialismo no passado-presente do Brasil, escancarando a fome do ouro que ainda envenena as florestas e rios do Brasil e assim alertam os ouvintes em relação a este triste ciclo marcado pela destruição, a violência e a morte.
Neste lançamento os saberes indígenas e africanos são traduzidos pelos sons do maracá e caxixi, que evocam o fortalecimento de corpos negros e indígenas através de Omama e Xangô. “Garimpo Yanomami” nos convida a encarar a história e a partir dela elaborar uma nova narrativa decolonial para este Brasil-Pindorama.
Sobre o clipe, Marcus Leoni, diretor de “Garimpo Yanomami”, diz: “ durante o processo a música foi crescendo nos nossos ouvidos e então senti a necessidade de criar um ambiente, mais misterioso, em que a luz fosse um personagem que ora revela, ora deixa as coisas turvas, assim como o Brasil tem tratado as questões indígenas. Em um momento parece se importar, porém quando vemos as condições reais das comunidades nativas, de miséria e abandono, percebemos que quase nada têm-se feito desde que suas terras foram tomadas, há mais de 500 anos.”
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Clarianas
Clarianas é um grupo de cantadeiras urbanas de São Paulo (SP), liderado por Naruna Costa, Martinha Soares e Naloana Lima, que investiga a voz da mulher “ancestral” na música popular do Brasil e conta com um time de músicos composto por um violeiro, uma rabequeira, uma percussionista, e um baixista. Explora um amplo universo sonoro, genuinamente brasileiro, que vai desde os Cânticos Indígenas aos Aboios Sertanejos, passando pelas Brincantes do Coco, Ladainhas do Catolicismo Popular, Sambas de Roda, Maracatus, Xotes, Rezas e Tambores Africanos. Com canções autorais que documentam o cotidiano da população periférica brasileira, em sua maioria negra, Clarianas carrega em seu bojo o canto protagonizado pela fala feminina.
Assessoria de Imprensa│Clarianas
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Thayná de Arruda – [email protected]