Para cumprir os ODS, o Estado brasileiro precisa parar de matar pessoas negras

Em um período de dez anos (2012-2022), o Brasil registrou o assassinato de 445.442 pessoas negras. De acordo com o Atlas da Violência de 2024, isso equivale a uma pessoa negra morta a cada 12 minutos. O dado alarmante não é suficiente para que o Estado brasileiro crie e implemente estratégias efetivas que interrompam o genocídio da população negra no Brasil. Pelo contrário, o Estado também mata.

Policiais civis indiciados por homicídio duplamente qualificado pela execução de João Pedro, durante uma operação na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, na Grande Rio, em maio de 2020, foram absolvidos no último dia 10 quando organizações que compõem a Coalizão Negra por Direitos estavam na sede da ONU.

Entre 08 e 18 de julho, o Fórum Político de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável, principal instância da ONU para avaliar o avanço da Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acontece em Nova York, Estados Unidos. No evento, o Estado brasileiro assumiu compromissos para construir, junto a outros países, uma sociedade mais justa, alinhada aos 17 ODS. Mesmo sem espaço para fala durante as sessões do fórum, as organizações negras presentes, seguem influenciando para que o Estado brasileiro com sugestões para que o Brasil se comprometa com a metas da agenda 2030 com a população negra brasileira.

O ODS 16, que trata de Paz, Justiça e Instituições Eficazes, firma o compromisso de reduzir todas as formas de violência e taxas de mortalidade associadas. Para cumprir tal objetivo, urgente que o Brasil interrompa o assassinato de pessoas negras e implemente políticas de segurança para quem mais corre risco de homicídio no país.

Só será possível, chegar nos objetivos da agenda 2030 quando pessoas negras do Brasil possam viver plenamente seus direitos, e quando nossas crianças e jovens poderem brincar sem o medo de terem suas vidas ceifadas pela polícia. Precisamos garantir que nossos homens e mulheres negras possam construir suas famílias sem o receio constante de perderem seus entes queridos para a violência do Estado política contrária à população negra.


Natália Carneiro, jornalista, é diretora e coordenadora de comunicação da Casa Sueli Carneiro

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