Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos pela justiça e o humorista tratado com os cuidados exigidos para um incitador de crimes.

Acenderam o sinal amarelo e outro comediante branco, mais famoso, liberal por princípio, sustentou as supostas razões de seu igual. O repertório simbólico da defesa e sua legitimação estavam alicerçados nos livros de pessoas negras que ele leu, nos super pop negros que citou e entrevistou em seus shows, nas mudanças cosméticas que vinha fazendo em suas próprias piadas nos últimos anos (influenciado pelos papos de representatividade, protagonismo e empoderamento).

A escriba que vos fala, na aula física que fazia no mesmo dia do banimento dos vídeos, comentava com a professora sobre uma aluna de curso que a escriba ministrava e que era sua vizinha. Esta, perguntara por três vezes se a escritora morava mesmo no prédio. Experiente, ela respondeu que sim e acrescentou que se cumprimentavam no elevador, seguravam a porta para outra e tudo. A vizinha retrucou: “eu sei, mas é que tantos prestadores de serviço passam pelo prédio, a gente nunca sabe”. Mas vocês, meus leitores e leitoras inteligentes sabem, não é? Aquele ex-presidente que chamava negro de afro-descendente para medi-lo em arrobas fez escola. 

Uma colega que se exercitava em outro aparelho bedelhou que as pessoas precisam ter espaço para se expressar, que se elas não falarem, “o pessoal que tem lugar de fala” não terá a chance de ensinar aos que necessitam aprender e blábláblá.

Olhe, Oxóssi que me dê paciência e mira, e Thiago Amparo, o pós-Vingador, o Super Choque, que nos defenda e eduque a vocês. Eu vibro na temporalidade daquela outra divindade que amo tanto, eu corto cabeças. Não aguento mais escutar papo de aranha.

+ sobre o tema

Governo prevê mais de R$ 665 milhões em ações para jovens negros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta...

A Sombra do Sonho de Clarice

O longa-metragem convidado para ser exibido no Lanterna Mágica...

Documento final da CSW leva parecer de organizações negras do Brasil

Em parceria estabelecida entre Geledés - Instituto da Mulher...

Refletindo sobre a Cidadania em um Estado de Direitos Abusivos

Em um momento em que nos vemos confrontados com...

para lembrar

spot_imgspot_img

O PNLD Literário e a censura

Recentemente fomos “surpreendidas” pela censura feita por operadoras da educação no interior do Rio Grande do Sul e em Curitiba a um livro de...

Cidinha da Silva e as urgências de Cronos em “Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos”

Em outra oportunidade, dissemos que Cidinha da Silva é, assim como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, autora importante para entendermos o Brasil de hoje e...

“O Retorno” | Atlânticos em transe sob a lua de Luanda, por Cidinha da Silva. Ep.6

Minha irmã, tu não conhecerias Luanda se não tivesses passado pela corrupção institucional, te faltaria um pedaço importante de percepção desta terra de mártires...
-+=