Pesquisa mostra jovens divididos em relação ao aborto

RIO – Jovens progressistas, mas divididos em relação ao aborto, contra a legalização das drogas e ligados à família. O perfil foi extraído de entrevistas a 1.854 participantes da I Conferência Nacional de Juventude, a maioria militantes dos movimentos sociais, e será descrito no livro “Quebrando Mitos: Juventude, participação e políticas”, que será lançado nesta quarta-feira no Rio. A pesquisa, coordenada pelas sociólogas Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay, mostra que 32,6% dos participantes do encontro, que aconteceu em abril do ano passado, em Brasília, se disseram totalmente contra a legalização do aborto, enquanto 22,2% se disseram a favor. Entre os entrevistados, 10,2% dos declararam ser indiferentes em relação ao assunto.

Por Maiá Menezes , do  Extra

Foto: GARY S CHAPMAN/GETTY

Quando o assunto é legalização das drogas, a posição contrária é nítida: 26% dos participantes se disseram a favor (15,6%) ou completamente a favor do aborto (10%). Mais do dobro dos jovens são totalmente contra (43,2%) ou contra (17,3%). A união civil entre pessoas do mesmo sexo também é tema que divide: 33,9% foram a favor e 25,8%, contra 1/3 dos entrevistados se disse a favor da redução da maioridade penal.

Apesar de grande parte estar ligada a partidos políticos (50%), ao responderem à pergunta sobre o grau de confiança em instituições e entidades, os partidos foram considerados menos confiáveis por 37,5% dos entrevistados. Longo em seguida veio o Congresso Nacional (37,3%) e em terceiro a políicia (35%). A instituição mais confiável, segundo os entrevistados, é a família – para 68,3% dos entrevistados. O Congresso aparece com o mais baixo índice de confiança (1,5%). Do total de entrevistados, 38,3% disseram participar do PT, 18,8%, do PCdoB. PSB e PMDB tinham cerca de 10% dos participantes, cada um.

 

” Essa pesquisa quebra mitos sobre percepções que a sociedade em geral tem sobre a juventude ”

 

Ao escolherem uma frase para sintetizar a percepção sobre si mesmos, os entrevistados responderam, em sua maioria, que “o jovem tem pouca oportunidade de participar via poderes constituídos”. A segunda mais escolhida foi “a família é a principal referência na vida dos jovens”.

Os problemas mais graves do país, segundo os entrevistados, foram: desigualdades sociais (47,4%), desemprego (44,2%), violência (36,5%), pobreza (36,0%), qualidade da educação (32,5%), corrupção (27,1%), narcotráfico (11,3%) e racismo (10,0%).

– Essa pesquisa quebra mitos sobre percepções que a sociedade em geral tem sobre a juventude. O primeiro é de que ela é auto-centrada. Ela está preocupada com si mesma, sim, mas tem também uma grande preocupação social – avalia Miriam Abramovay.

Sobre o alto grau de confiança depositado na família, a socióloga afirma que se trata de uma idealização. Ela afirma ainda que a visão crítica das instituições públicas (caso do alto grau de insatisfação com partidos e Congresso) é um dado que costuma aparecer em pesquisas feitas com jovens. O livro “Quebrando mitos” será lançado nesta quarta-feira, no Palácio da Cidade, pelo Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), a Secretaria Nacional de Juventude e RITLA-Rede de Informação Tecnológica Latino americana.

 

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