Polícia indicia publicitária por injúria racial contra cantora, em restaurante no DF: ‘Aprende a cantar, sua negra’

Enviado por / FonteG1, por Afonso Ferreira

Caso ocorreu no dia 19 de outubro e vítima foi Andresa Sousa, de 34 anos, que se apresentava no local. Suspeita também deve responder por vias de fato – violência corporal que não deixa lesão; ela nega acusações.

A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou, nesta terça-feira (26), uma publicitária por injúria racial contra a cantora Andresa Sousa, de 34 anos. O caso ocorreu no dia 19 de outubro, no Vasto Restaurante, na quadra 108 Sul.

A cantora afirma que, enquanto se apresentava, Valkíria Tavares de Moraes Cardoso, de 59 anos, deu dois tapas no braço dela e disse: “Aprende a cantar, sua negra! Essa negra precisa aprender a cantar”.

O indiciamento foi confirmado pelo delegado Maurício Iacozzilli, da 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, onde o caso foi registrado. A suspeita, também conhecida como Kika Cardoso, ainda deve responder por vias de fato – violência corporal que não deixa lesão.

g1 não conseguiu contato com a mulher nesta quarta-feira (27). No entanto, após a repercussão do caso, ela negou as acusações, em entrevista à TV Globo.

“Eu não chamaria ela de negra porque eu não sou racista. Aliás, ela mesmo fala que as pessoas chamam ela de negra, preta, enfim. Mas eu não vejo a situação do tamanho que ela tá colocando”, disse.

O inquérito será avaliado pelo Ministério Público do DF, que vai decidir se apresenta denúncia contra a suspeita ou não.

Pedido de música

Na ocasião, Andresa se apresentava e, a pedido do público, cantou uma canção em inglês. Foi quando a cliente alegou que a artista tinha errado a letra da música.

“Ela me disse que eu tinha que aprender a cantar. Falei que tudo bem e que faria direitinho. Mas a senhora insistiu em dizer que eu tinha errado a letra e pediu para eu parar de sorrir. Em seguida, quando achei que ela ia sair, ela me olhou, deu dois tapas fortes no meu braço e falou novamente para eu aprender a cantar”, detalhou a cantora.

Após a agressão, segundo Andressa, a suspeita ainda voltou ao palco mais uma vez e disse “aprende a cantar, sua negra”.

Em nota, o Vasto Restaurante avaliou o ocorrido como “triste”, e disse que é “veementemente contra qualquer ato e/ou fala que endosse o crime de injúria racial”.

Segundo o Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima. A pena é de 1 a 3 anos de reclusão.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...