Racismo e homofobia: mulher é presa ao causar confusão em restaurante do RJ

Enviado por / FontePor Tatiana Campbell, da UOL

Uma mulher de Foz do Iguaçu foi presa em flagrante pelo crime de injúria racial contra uma funcionária, que é negra, no restaurante Mãe Joana, em Botafogo, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu na noite de domingo (18). A confusão foi flagrada em vídeos feitos por clientes que estavam no local e se revoltaram com a cena. Em meio à discussão, Camila Berta, 32, aparece chamando a vítima de “macaquinha”.

“Eu estava em uma pausa do trabalho, jantando com uma colega, quando essa mulher começou a se irritar, porque estava com fome, e nós estávamos lá comendo. Ela ainda falou: ‘tinha que ser sapatão’. Foi homofóbica, mas não parou por, aí”, disse a vítima, Lizandra Souza, 27, em conversa com o UOL. Camila afirmou à reportagem que as acusações são falsas, mas que só se pronunciará oficialmente por meio de uma advogada.

Segundo Lizandra, após a fala, as funcionárias questionaram a atitude da mulher e as ofensas racistas tiveram início. A jovem relata que chegou a oferecer a própria comida para a cliente se acalmar, já que ela reclamava da demora do pedido. Segundo Lizandra, Camila Berta pegou o prato, cheirou e disse que não gostava da comida.

“Uma colega então a repreendeu dizendo que ela tinha tocado na minha comida. Foi quando ela disse: ‘A macaquinha me deu'”, relata Lizandra.

Foi como um soco no estômago, nunca passei por isso. Foi horrível, me senti muito mal.

Após a injúria racial, clientes que presenciaram o crime começaram a chamar a mulher de racista e a vaiar. Em vídeos, é possível ver a confusão no restaurante.

Camila ainda rebate: “A minha mãe é preta, sua filha da p***. Vem na porrada, sua filha da p***’, grita a mulher, para uma outra funcionária.

Camiça, que mora em Foz do Iguaçu (PR), estava na companhia de um amigo, que tentou contê-la.

A Polícia Civil foi acionada e agentes da 12ª DP (Copacabana) foram até o local e a prenderam em flagrante. No entanto, Camila pagou uma fiança de R$ 2 mil e foi liberada.

Por meio de nota, o estabelecimento Mãe Joana emitiu uma nota lamentando o ocorrido.

“O Mãe Joana é um espaço inclusivo e acolhedor onde todos são bem-vindos! Aqui não há distinção de raça, orientação sexual, gênero, time, religião, nacionalidade. As funcionárias da casa já levaram o assunto à Delegacia de Copacabana. A Direção do Mãe apoia, se solidariza com as colaboradoras e, ao lado delas, vai tomar todas as medidas cabíveis em busca de justiça, igualdade e respeito”, diz o comunicado.

+ sobre o tema

Em 80 horas, cinco jovens sem ligação com o crime são mortos no RJ

As mortes de pessoas que não estão ligadas ao...

Debatendo racismo na infância, vídeo com MC Sophia repercute nas redes sociais

“Quando eu era de uma escolinha a minha amiguinha...

Basta de horror e extermínio em São Paulo!

COMITÊ PAULISTA PELA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA Ao Exmo....

Sobre os mendigos que “deviam virar ração pra peixe” e os “negros preguiçosos”

  por : Kiko Nogueira O programa "The Daily Show" faz...

para lembrar

Revelações da genética sobre quilombos brasileiros

Em SP, análise de cromossomos mostra forte papel de...

UFPel é condenada a indenizar alunos por racismo de professora

Dois estudantes, que cursam Letras Português/Alemão, provaram na Justiça...
spot_imgspot_img

A natureza se impõe

Mundo afora, sobram sinais — de preocupantes a desesperadores — de fenômenos climáticos. Durante a semana, brasileiras e brasileiros em largas porções do território,...

Criminalização e Resistência: Carla Akotirene e Cidinha da Silva discutem racismo institucional no Sesc 24 de Maio 

No dia 16 de outubro, quarta-feira, às 19h, o Sesc 24 de Maio promove o bate-papo Criminalização, encarceramento em massa e resistência ao punitivismo...

Violência política mais que dobra na eleição de 2024

Foi surpreendente a votação obtida em São Paulo por um candidato a prefeito que explicitou a violência física em debates televisionados. Provocações que resultaram...
-+=