Vinicius Jr. se pronuncia sobre racismo e críticas por dança: “Eu não vou parar”

Jogador do Real Madrid e da seleção brasileira afirmou que comemorações celebram a diversidade cultural do mundo

Vinicius Junior, jogador da seleção brasileira e do Real Madrid, se pronunciou nesta sexta-feira (16) sobre o ataque racista que sofreu junto a críticas por dançar em suas comemorações de gol.

Em um vídeo postado nas redes sociais, o atacante afirmou que “são danças para celebrar a diversidade cultural do mundo”.

“Há semanas, começaram a criminalizar as minhas danças. Danças que não são minhas, são do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros. Dos cantores latinos de reggaeton e dos pretos americanos”, disse.

“Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar”, destacou.

Ele ressaltou que sofreu com diversos ataques racistas durante a vida, assim como questionamentos sobre a carreira. Observou, então, ações para educação que lidera, disse querer que “as próximas gerações estejam preparadas, como eu estou, para combater racistas e xenofóbicos” e que tenta ser um exemplo de profissional e cidadão.

“Dizem que felicidade incomoda. A felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa incomoda muito mais”, pontuou.

“Mas repito para você, racista: Eu não vou parar de bailar. Seja no sambódromo, no Bernabéu [estádio do Real Madrid] ou onde eu quiser”, finalizou.

Veja o pronunciamento:

Real Madrid também se pronuncia

O clube do brasileiro também publicou uma nota em apoio ao atleta. Leia na íntegra abaixo:

“O Real Madrid CF repudia todo o tipo de expressões e comportamentos racistas e xenófobos no campo do futebol, do esporte e da vida em geral, como os lamentáveis ​​e infelizes comentários feitos nas últimas horas contra o nosso jogador Vinicius Junior”.

O Real Madrid quer mostrar todo o seu amor e apoio a Vinicius Junior, um jogador que entende o futebol como uma atitude perante a vida baseada na alegria, respeito e desportivismo.

O futebol, que é o esporte mais global que existe, deve ser um exemplo de valores e convivência.

O clube instruiu seus serviços jurídicos a tomar medidas legais contra qualquer pessoa que use expressões racistas contra nossos jogadores”.

Entenda o caso

Na quinta-feira (15), o presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores, Pedro Bravo, disse em um programa da emissora espanhola Mega que Vini Jr. precisa “deixar de fazer macaquice” [“hacer el mono”, em espanhol], em referência às danças que o brasileiro costuma fazer após gols.

“Você tem que respeitar o adversário. Quando você faz um gol, se quer dançar, que vá ao sambódromo no Brasil. Aqui o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão, e deixar de fazer macaquice”, afirmou Bravo.

Logo em seguida, o empresário foi rebatido por outro comentarista. “Espera aí, um jogador que dança não está ‘fazendo macaquice’”, interrompeu Tomás Roncero, que é jornalista setorista do Real Madrid no jornal espanhol As.

“Como que não?”, reiterou Bravo. “É uma pessoa e você tem que respeitar isso”, disse Roncero. Veja a discussão completa no vídeo abaixo.

Após a repercussão de sua declaração racista, o empresário foi ao Twitter pedir desculpas pelo que disse.

“Quero esclarecer que a expressão “fazer macaquice” que utilizei mal para descrever a dança de comemoração nos gols de Vinicius foi feita de maneira metafórica (“fazer besteira”). Como minha intenção não era ofender ninguém, peço sinceras desculpas. Sinto muito!”, escreveu.

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