O representante do movimento Reaja ou Será Morto – Reaja ou Será Morta, Hamilton Borges, na manhã desta quinta-feira (25), durante sua participação na audiência pública que discutiu as 12 mortes no Cabula, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA), afirmou o movimento “representa mães que perderam filhos nessa guerra” e “mães que perderam filhos, que são membros da polícia”. Para ele, policiais não podem sair de suas casas, “em locais pobres, para ir combater pessoas que parecem com eles”.
O ativista ainda repudiou os dispositivos criados pelo Legislativo baiano para estabelecer uma “distinção de quem deve ser abatido” com “etiquetamento” de “pessoas pretas, jovens, homens, que moram em locais em que o Estado nunca chegou”. “O baralho da tatuagem é um deles. É lombrosiano”, denúncia o ativista. Borges ainda defendeu o fim da Polícia Militar em sua fala.
“Nós queremos o fim da Polícia Militar, porque nós queremos que os policiais tenham direito à greve, que os policiais não se submetam a uma casta de oficiais, que estão ‘muito bem, obrigado’, enquanto os policiais vão para guerra”, afirmou. Hamilton afirmou que o movimento Reaja ou Será Morto, em nenhum momento, condenou os policiais pelas mortes dos jovens no Cabula. “O que nós estamos cobrando aqui é que exista uma investigação transparente e não o que está acontecendo agora.
Nós entramos no campo do Cabula, e encontramos luvas cirúrgicas, encontramos roupas dos rapazes baleados”, pontua. Para ele, a “fala desastrosa e irresponsável do secretário da Segurança Pública e do governador da Bahia, é que o está gerando esta tensão”, pois como representante do Estado, não pode dizer que vai enfrentar a violência “com braço duro, porque ele está ‘muito bem, obrigado’, no seu palácio, com seguranças”. “Policiais não podem ser capangas de um Poder que quer matar o povo”, frisa. Hamilton Borges afirma que membros do movimento sofrem ameaças, e que as testemunhas poderiam estar presentes na audiência se não temessem por suas vidas.
Ele diz que o grupo recebe ameaças nas redes sociais, com símbolo da Rondesp e a marca do Reaja, escrito “reaja e morra”. As ameaças, segundo Borges, ainda são por telefones, e que o grupo rejeita proteção individual por pleitear proteção pública. O ativista ainda adiantou que o movimento Reaja ou Será Morto vai a OAB Federal para pedir investigação de grupos de extermínio e paramilitares.