Salário mais alto causa até separação; mulheres devem ter jogo de cintura

Às vezes é necessário para o símbolo feminino do lar evitar o desconforto da família por ter renda superior à do companheiro

Bárbara Nascimento

A rápida ascensão das mulheres no mercado de trabalho ainda é vista com ressalvas por boa parte dos brasileiros, sobretudo se elas ganharem mais que os maridos. É dentro de casa e entre os familiares que o desconforto — e, em vários casos, preconceito — torna-se mais evidente. Para muitos homens, conviver com uma companheira de sucesso é uma afronta, uma ameaça à virilidade daqueles que foram criados para serem os provedores da casa.

Há situações em que a dificuldade para a aceitação é tamanha que casamentos até então embalados pelo clima de felicidade acabam. Quando os maridos se mostram compreensivos, são os familiares que atormentam as profissionais bem-sucedidas, a ponto delas ouvirem questionamentos do tipo: “Como pode sustentar aquele vagabundo?”. Essa situação se agrava no Distrito Federal e no Amapá, onde segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), o salário médio das mulheres é maior do que o dos homens.

A médica Suzane Coimbra, 35 anos, não esconde os traumas das cobranças. No início, quando montou seu consultório, só recebia elogios do marido, Marcos, 37, vendedor de produtos farmacêuticos. “Ele sempre ressaltava a minha força de vontade, o meu empenho em melhorar”, conta. À medida, porém, que a clientela de Suzane foi aumentando, e ela assumindo a maior parte das despesas de casa, o marido começou a ficar ressabiado.

O quadro piorou quando Marcos perdeu o emprego e foi obrigado a se recolocar em outra companhia ganhando menos. “Daí em diante, foi um inferno. Ele se sentiu humilhado e passou a me tratar com ironias e desrespeito. Para piorar, meus pais e meus irmãos passaram a ver a nossa relação como problemática e a classificar Marcos como aproveitador, que não parava em emprego nenhum, porque tinha uma mulher que o sustentava”, relembra Suzane.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui

 

+ sobre o tema

Carta aberta a uma mãe

Carta aberta de uma mãe que não sabe o...

Terceirização tem ‘cara’: é preta e feminina

O trabalho precário afeta de modo desproporcional a população...

Exclusão de gênero do Plano Nacional de Educação é retrocesso, diz educador

Termo foi retirado também de planos municipais e estaduais...

Arquitetura dos direitos reprodutivos e ameaças ao aborto legal e seguro

Iniciamos esta reflexão homenageando a menina de 10 anos,...

para lembrar

Feministas lançam revista feminina gratuita

á centenas de revistas femininas que não são feitas,...

Pergunte a um masculinista

No mundo atual, são poucas as pessoas que desconhecem...

Conheça o coletivo de advogadas que já atendeu centenas de mulheres gratuitamente

Era início de abril quando a advogada baiana Laina...
spot_imgspot_img

Tempo para início de tratamento de câncer de mama é 3 vezes maior que o previsto em legislação

O tempo médio para o início do tratamento de câncer de mama no SUS (Sistema Único de Saúde) é quase o triplo do período previsto pela Lei...

Ação da ApexBrasil faz crescer número de empresas lideradas por mulheres nas exportações

Para promover mudança é preciso ação, compromisso e exemplo. Disposta a transformar o cenário brasileiro de negócios, há um ano a ApexBrasil (Agência Brasileira...

‘Não tenho história triste, mas ser mulher negra me define muito’, diz executiva do setor de mineração, sobre os desafios para inclusão na indústria

Diretora de relações governamentais e responsabilidade social da Kinross Brasil Mineração, Ana Cunha afirma que a contratação de mulheres no setor, onde os homens...
-+=