A jornalista Jéssica Senra, da afiliada da Globo na Bahia, tem ficado conhecida pelo seu estilo único de apresentação. Na quarta-feira, 20 de novembro, a apresentadora impressionou, mais uma vez, com seu discurso para o Dia da Consciência Negra. “Quando um branco diz que falar de racismo é ‘mimimi’, é vitimismo, é porque esse branco ou é ignorante, no sentido de ignorar o que se passa debaixo de seu nariz, ou porque quer manter seus privilégios”, afirmou.
Por Guilherme Gurgel, do Bhaz
À frente do Bom dia Bahia, a jornalista falou de privilégio branco, da importância do protagonismo negro e dos impactos do racismo nas desigualdades sociais. Mas deixou claro qual era seu papel dentro da luta contra o racismo. “Como branca, meu papel é ouvir e respeitar. Assim, eu me coloco a disposição para lutar junto, mas sabendo que o protagonismo é dos negros”, afirmou.
O discurso foi bastante elogiado nas redes sociais da apresentadora, mas também recebeu críticas. No entanto, Jéssica não hesitou em ampliar o debate para as redes sociais. Um dos internautas disse que não concorda com benefícios criados por conta da cor da pele. “Infelizmente, os benefícios por causa da cor da pele existem há séculos – são desfrutados pelos brancos. Qualquer coisa que hoje seja feita no sentido de cotas é apenas reparação histórica. É justiça”, respondeu ela ao comentário em seu Instagram.
No dia 18 de novembro, a jornalista já tinha tocado no assunto ao apresentar uma notícia sobre o desemprego na Bahia. Segundo a pesquisa do IBGE divulgada na notícia, o perfil de desempregados é majoritariamente composto por mulheres negras de baixa escolaridade. Jéssica explica como o machismo e o racismo estão relacionados a essa estatística. “Por isso, combater machismo, racismo e a desigualdade social é importante para vivermos numa sociedade justa. E, principalmente, para tirar o peso absurdo, insustentável, dos ombros de mulheres negras desprivilegiadas”, conclui.
Luta contra a homofobia e o machismo
Em 23 de outubro, Jéssica noticiou uma agressão homofóbica na edição do Bom Dia Bahia. Como sempre, de forma didática e bem articulada, a jornalista explicou, ao vivo, como a homofobia está ligada ao machismo e à ideia de superioridade do homem.
“A homofobia é isto: é ignorância, falta de qualquer lógica. Tem a ver com o machismo. Percebam que muitos homossexuais são chamados de ‘mulherzinha’, como se isso fosse ofensivo, como se ser mulher fosse uma ofensa. Por isso, a gente diz que o combate ao machismo precisa ser de absolutamente toda a sociedade”, afirmou no jornal.
Ao BHAZ, Jéssica afirmou que entende sua posição na mídia como um espaço de privilégio e que não pode deixar de dar voz aos grupos oprimidos. “É um dever nosso provocar reflexões. Quem tem esse espaço de privilégio, tem que falar”, defende.