Seminário aborda luta antirracista, popular e periférica no Fórum Social Mundial

Debate aconteceu na Assembleia Legislativa do RS e reuniu lideranças indígenas e representantes do movimento negro

O Fórum é organizado por movimentos de diversos continentes e tem como objetivo contrapor a agenda neoliberal e capitalista do Fórum Econômico Mundial (Foto: Reprodução)

Em meio a crescente taxa de homicidio de jovens negros no Brasil, a luta antirracista, popular e periférica foi tema de debate nesta quinta-feira (26), na Assembleia Legislativa gaúcha. Realizado dentro da edição 2023 do Fórum Social Mundial (FSM), o seminário contou com a participação de lideranças indígenas, representantes do movimento negro e especialistas. 

Na abertura, foi dedicado um minuto de silêncio aos indígenas do povo Yanomami, que vêm sofrendo com casos de desnutrição, malária e intoxicação por mercúrio provocado pelo garimpo ilegal nos estados do Amazonas e Roraima, na Região Norte do país. 

A socióloga Suelen Aires Gonçalves, do coletivo de mulheres negras Atinúké, trouxe para o debate reflexões acerca do contexto histórico atual e dos desafios da democracia. “Nós temos uma democracia jovem e liberal que de fato não acolhe as nossas reivindicações históricas e nem os direitos construídos na nossa Constituição Cidadã, como o enfrentamento ao racismo, ou melhor, o direito número um da nossa constituição: o direito à vida, um direito não zelado pelo Estado brasileiro que constrói morte em larga escala da população negra e da população indígena”, frisou. 

Na sequência, o líder Woie Xokleng falou sobre a importância da demarcação de terras para assegurar a integridade física e cultural dos povos indígenas. “Sem território não há saúde, sem território não há uma vida digna. Porque sem território não podemos falar sobre o antirracismo. Já é um racismo tirar nosso território. Toda luta indígena é sobre os direitos que foram violados e tirados de nós há muito tempo.”

O estudante Aleff Fernando, graduando em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador nacional do coletivo Enegrecer, reiterou que a violência contra a juventude negra deve se tornar uma pauta central. “A cada 23 minutos, um jovem negro é exterminado no nosso país. Seja pela ação ou omissão do Estado, os nossos jovens estão tombando. É fundamental que a gente pense sistematicamente políticas que venham a enfrentar o extermínio da nossa juventude”, disse. 

À margem da educação

Em sua fala, a professora de língua portuguesa da rede municipal de Porto Alegre Lisiane Niedsberg lembrou que educação também é uma questão de cor. “É perceptível que, a partir do sexto ano, fica difícil para os pais acompanharem a vida escolar de seus filhos. E eles também acabam não querendo mostrar o caderno e não falar o que está acontecendo em sala de aula porque, na maior parte do tempo, esses alunos negros estão sofrendo racismo e, infelizmente, professores e e equipe diretiva fecham os olhos para isso”, relatou.

Coordenadora do Desvendado, projeto de resgate da história afro-brasileira, africana e indígena em escolas e presídios, Lisiane alertou sobre a necessidade pensar mais a educação de alunos negros. “Nas portas das escolas, o traficante está lá tentando convencê-los de que vão ter uma vida melhor se trabalharem com ele. Então a gente precisa tentar entender o que está sendo feito com esses alunos que estão em defasagem”, destacou. 

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