Site oferece guia sobre ‘como estuprar uma mulher na UFMG’

Texto afirma que ‘a mulher mineira é famosa por ser vagabunda e arredia’, e que a única maneira de ‘corrigir’ isto é violentando-a sexualmente; página ainda traça perfil de vítima que seria ‘mais fácil’ e dá dicas de situações favoráveis para o ataque

Do O Tempo

O assunto é discutido à exaustão. No entanto, cada vez mais aparecem casos de falta de respeito com as mulheres. Um dos mais atuais é o site que coloca à disposição dos internautas guias de como estuprar mulheres na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre outras universidades.

O autor, que ainda não foi identificado e localizado, inicia o texto afirmando que “a mulher mineira é famosa por ser vagabunda e arredia, e a única maneira de corrigir isto é a violentando sexualmente”. No decorrer do manual, que foi feito em cinco tópicos, o criminoso monta um tipo de mulher que, para ele, seria uma vítima fácil e ainda aponta quais são as situações favoráveis para o ataque.

No último tópico, o autor aconselha o internauta: “Pode sair vazado, não vai dar em nada, tu é branco e estudante da UFMG. A culpa irá cair em um daqueles mendigos que rondam o campus”.

Além dos absurdos relacionados ao crime de estupro, o site ainda usa fotos de outras pessoas que não têm participação na criação da página e também acabam se tornando vítimas. Esse foi um problema enfrentado por um morador do Ceará.

No dia 15 de janeiro, ele foi até a Delegacia de Defraudações e Falsificações do Estado e registrou um boletim de ocorrência. No documento, ele afirma que fotos suas estão na página e o nome dele é indicado como sendo o criador dos guias. Para piorar, o denunciante afirma que está sendo ameaçado de morte e aponta o nome de um suspeito.

A reportagem de O TEMPO fez contato com assessoria de imprensa da Polícia Civil (PC) do Ceará e foi informada que a denúncia relacionada ao site já foi encaminhada ao Ministério Público e que o caso é investigado pela Polícia Federal, que tem sua sede em Fortaleza.

Repercussão em Minas Gerais

Por meio da assessoria da PC, o delegado da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos, Daniel Rocha, informou que nenhuma ocorrência foi registrada em Minas com relação ao site.

De acordo com o artigo 286 do Código Penal, a incitação de crime tem pena que varia de três a seis meses de prisão ou multa.

Por meio de nota, a UFMG informou que tomou conhecimento do caso nesta terça-feira (22), data em que foi procurada pelo Portal O TEMPO. Ciente do site, a Administração Central da UFMG informou que solicitou à Procuradoria Jurídica que encaminhe denúncia e tome todas as providências cabíveis contra a página por seu conteúdo explícito de crimes de violência contra a mulher.

No comunicado, a universidade “reafirma o seu compromisso com a diversidade, a liberdade de pensamento e o debate democrático e repudia  qualquer tipo de comportamento discriminatório, seja ele de caráter machista, sexista, racista, homofóbico, entre outros, que desrespeitem a dignidade humana”.

A Polícia Federal de Minas também foi procurada, mas ainda não se manifestou.

Tema de redação

O desrespeito a mulheres ganhou espaço no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sendo o tema da redação “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.

 

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