A luta pela redução da violência contra a mulher ganha mais uma arma no Estado. Foi lançado, nesta quinta-feira, um aplicativo que oferece às mulheres como medida protetiva um canal de contato direto com órgãos policiais. O PLP 2.0, como é chamado, terá uma fase de teste com duas moradoras do bairro Restinga, no Extremo-Sul de Porto Alegre, que serão selecionadas em meados de janeiro. Depois dos testes, o uso do aplicativo será ampliado a todas as mulheres que já possuem medidas protetivas estabelecidas pela Justiça. Em todo o Estado, são cerca de 60 mil mulheres.
por Suzy Scarton no JCRS
Existe, ainda, a intenção de expandir o acesso ao aplicativo a todas as mulheres. De acordo com o líder de desenvolvimento do projeto PLP 2.0, Daniel Dora, até o final de janeiro, deve ser lançado também o Alerta PLP 2.0. Por meio dele, todas as mulheres poderão cadastrar uma rede de proteção pessoal. Em vez de acionar órgãos policiais, quando em perigo, a mulher avisará familiares, amigos ou quem quer que ela tenha adicionado à rede.
O secretário estadual de Segurança, Wantuir Jacini, destacou a união entre a sociedade civil e o governo. Quando acionado, o aplicativo se comunica diretamente com a equipe do 190 e uma viatura é despachada na direção do endereço que consta no registro da vítima. Se ela estiver em deslocamento, as equipes da Brigada Militar também serão avisadas. “A viatura já estará à serviço da cidade de Porto Alegre. Quando receber o aviso, a BM envia a viatura que estiver mais perto do local onde está a mulher”, explicou. O lançamento do aplicativo se dá depois da assinatura de um termo de cooperação técnica em dezembro de 2014, firmado entre governo estadual, Judiciário, Ministério Público do Estado, Defensoria Pública, Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e ONG Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos.
Iniciativa da Themis em parceria com o Instituto da Mulher Negra Geledés, a criação do aplicativo surgiu da necessidade de acompanhar as mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade. “Nós as estimulamos a denunciar, mas sabemos que o risco a que elas se expõem fica em níveis extremos nos 90 dias após a denúncia. Essas mulheres precisam ser acompanhadas”, comentou a coordenadora de projetos da ONG Themis, Lívia de Souza. “Elas passam por uma experiência de solidão, não sabem a quem recorrer, mesmo que o sistema de segurança e apoio funcione bem.” O bairro Restinga, conforme Lívia, foi escolhido para ser o protótipo pelos altos níveis de violência.
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O PLP 2.0 venceu o Desafio Social Google 2014 e o Prêmio Ajuris João Abílio Rosa de Direitos Humanos de 2015. De acordo com Lívia, a verba repassada para o desenvolvimento do aplicativo foi de US$ 1 milhão. A Ajuris promove o recolhimento de aparelhos celulares em desuso para colaborar no processo de fortalecimento do aplicativo, que estará disponível para Android e iOS.