A Justiça paulista condenou por injúria racial o torcedor Paulo Morales, que, no ano passado, ofendeu o jogador de futebol Bruno Mezenga, então atacante do Santos.
O torcedor chamou Mezenga de “macaco” em um grupo de WhatsApp após o atleta perder um pênalti decisivo na eliminação do Santos para o Bahia na Copa do Brasil.
“Um ato racista não pode mais ser ignorado. Não cabe mais nos dias de hoje pessoas com atitudes racistas ficarem impunes. É triste ver uma pessoa que se diz torcedor do Santos cometer um ato racista”, afirmou o atleta à época, após registrar um boletim de ocorrência na polícia.
O torcedor, de 20 anos, confessou o crime à Justiça. Disse estar arrependido.
Ele afirmou que estava saindo da faculdade e acompanhava o jogo pelo rádio. Relatou que, “de cabeça quente”, acabou digitando a ofensa. Morales declarou no processo que, logo após enviar a mensagem, percebeu que havia exagerado nas palavras, e a apagou.
O texto, no entanto, segundo ele, já havia sido copiado por membros do grupo e enviado para a assessoria do jogador.
O torcedor disse que procurou o Santos e o atleta pedindo desculpas. “Não pedi desculpas da boca para fora”, afirmou à Justiça.
A juíza Silvava Borges disse na sentença que o fato de a ofensa ter ocorrido por conta da atuação do atleta em uma partida de futebol, em que os ânimos estariam exaltados, “certamente não exclui o crime”.
“O acusado teve a clara e evidente intenção de diminuir e discriminar o ofendido em razão de sua cor e raça, ferindo-o em sua dignidade”, declarou.
O torcedor, que ainda pode recorrer, foi condenado a uma pena de dois anos de reclusão, mas a punição foi substituída pela prestação de serviços a uma entidade social pelo mesmo período. Ele também terá de pagar um salário mínimo a uma entidade social.