Trabalho escravo: fiscalização resgata 59 trabalhadores em Minas

Operação de fiscalização resgatou 59 trabalhadores em condição de trabalho análoga à escravidão no final de agosto, no interior de Minas Gerais. A informação foi divulgada hoje (3) pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. A fiscalização foi feita em conjunto por auditores-fiscais do trabalho e agentes da Polícia Rodoviária Federal, no período de 19 a 28 de agosto.

Por Luciano Nascimento, da Agência Brasil 

Inti Ocon/AFP

De acordo com o ministério, os trabalhadores estavam em cafezais nos municípios de Campos Altos e Santa Rosa da Serra e retiravam, de forma manual, o resto do café que havia ficado nas plantas, após colheita feita por máquinas. A fiscalização constatou que os resgatados não tinham a Carteira de Trabalho e Previdência Social assinada e não recebiam pelo trabalho nem o pagamento proporcional ao salário mínimo.

Os trabalhadores também não recebiam equipamentos de proteção individual para realizar as atividades. não havia água potável, local adequado para refeições e instalações sanitárias nas frentes de trabalho.

“Em uma fazenda vistoriada, foram identificadas crianças e adolescentes (de 13, 14 e 17 anos) laborando em atividade proibida para essa faixa etária, submetidos às mesmas condições verificadas entre os trabalhadores adultos. Em outra fazenda, foi identificado um adolescente com 16 anos de idade”, informou a pasta.

O ministério disse que o trabalho foi encerrado e que foram emitidos os requerimentos de Seguro-Desemprego especial. As verbas rescisórias e o pagamento do salário de junho superaram R$ 90 mil.

Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado com os donos das duas fazendas, incluindo a previsão de pagamento de dano moral individual e coletivo em razão da submissão das vítimas ao trabalho análogo ao escravo. O dono de uma das fazendas pagou R$ 363 mil a título de dano moral individual e R$ 500 mil a título de dano moral coletivo. No caso da segunda fazenda, foi ajustado o pagamento de R$ 5 mil em dano moral individual”.

“Os valores do dano moral individual foram pagos às vítimas juntamente com as verbas rescisórias. Pelas irregularidades trabalhistas constatadas, foram lavrados, ao total, 42 autos de infração. Cópia do relatório circunstanciado da inspeção realizada será encaminhada ao Ministério Público Federal para apuração das responsabilidades penais dos envolvidos”, informou o ministério.

 

Leia Também:

Brasil tem quase 370 mil escravos modernos, diz relatório

“Estamos assistindo a uma espécie de revanche das elites”

+ sobre o tema

Mendes, Veja e o conluio dos desesperados

Veja perdeu sua principal fonte oficial – Demóstenes...

O cara é cidadão

Por: SÉRGIO RENAULT   A não ser o impedimento...

O calvário dos meninos que se confessaram ao papa

Eles vivem um inferno na terra. O artigo...

Fim de uma era, uma nova civilização ou o fim do mundo?

Há vozes de personalidades de grande respeito que advertem...

para lembrar

Suicídio de índios no MS do Sul é alvo de debate no Senado

Os senadores Vicentinho Alves (PR-TO) e Paulo Paim (PT-RS)...

Sociedade está mais consciente sobre seus direitos e denuncia mais os abusos sofridos

  Com a inauguração em Brasília, nesta quinta-feira,...

Um encontro histórico de camponeses

  Entre os dias 20 e 22 de agosto,...

Conselho Indigenista Missionário esclarece “suicídio coletivo” de índios

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu nota para esclarecer...
spot_imgspot_img

Em feito histórico, Geledés demanda na ONU reparação aos afrodescendentes   

“Nesta quinta-feira, Geledés realizou um feito histórico ao ser a primeira organização de mulheres negras do Brasil a participar de forma protagonista de uma...

CNDH denuncia trabalho escravo em oficinas de costura em São Paulo

Uma comitiva do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que viajou à capital paulista descobriu, nesta semana, a existência de cerca de 150 oficinas...

As Margaridas, a fome e a luta contra a violência no campo

Prefiro morrer na luta do que morrer de fome Margarida Alves; Roseli Nunes) As camponesas são defensoras dos direitos humanos e, no Brasil, desenraizaram direitos para...
-+=