Na música, na dança, no vocabulário, na culinária: a construção brasileira contém traços visíveis de culturas africanas. Para além de algo teórico e distante, cada vez mais a população negra no Brasil vêm reconhecendo e assumindo suas raízes, valorizando a sua ancestralidade e, assumindo tradições africanas.
E como é possível construir e manter as tradições negras em diáspora? Como formar uma identidade preta em um País estruturalmente racista? Quais as práticas que nos fortalecem enquanto povo preto?
por Mayara Assunção enviado para o Portal Geledés
Para estas (e outras) inquietações, algumas organizações surgem há décadas, como é o caso dos Blocos Afros. Com presença marcante na Bahia (principalmente durante o carnaval de Salvador) cada vez mais surgem e se fortalecem grupos pelo Brasil todo, e no sudeste não seria diferente. Desde 2013 o Bloco Preto ZUMBIIDO AFROPERCUSSIVO reúne jovens pretos(as) em São Paulo para um processo de comunhão e construção coletiva.
Abstrativamente, é a verbalização do levante negro ao aliar a figura mítica imortal do líder revolucionário Zumbi dos Palmares às ações inspiradas por seu propósito.
“Negras, Negros
Ascendam, pois sois,
Rainhas e Reis”
(Rainhas e Reis – Zumbiido Afropercussivo)
Pautado pelo recorte racial – o ingresso ao grupo é exclusivamente para pretos (as) que se identifiquem com as diversas formas de promoção, difusão e defesa das tradições de matriz africana através das linguagens artísticas, o bloco fará este ano a primeira saída em cortejo pelas ruas da capital paulista.
Com vivências de dança, música percussiva, canto, idioma Yorubá e Kimbundu, o Bloco Preto acredita que práticas que garantam o protagonismo negro são de grande importância para a população diaspórica. Elas são um ato de resistência, fortalecimento, conscientização racial, política, cultural, estética e cênica.
“… A rainha das águas
Do profundo do mar;
Quem comanda as correntes
Quem guarda ZUMBIIDO
Libertada o povo
Que anda comigo,
Odò Iyà”
(Sou Um – Zumbiido AfroPercussivo)
Aos sons dos seus tambores e entoando músicas próprias, o Bloco Preto levará muita ancestralidade, marcando uma grande celebração preta pelas ruas do Centro. E pautado por valores civilizatórios africanos, duas vozes femininas guiarão o cortejo: as cantoras Ágata Matos e Darília Lilbé. E à frente da bateria: Munique Costa.
Somos uma família preta e, com alegria e resistência que compõem nosso ser, faremos a cidade tremer e dançar ao som de nossos tambores pretos.
Convidamos a todas e todos que partilham da crença da emancipação e autonomia do povo preto para nossa saída ao mundo.
(ZUMBIIDO AFROPERCUSSIVO)
Serviço
Bloco Preto ZUMBIIDO AFROPERCUSSIVO
Quando: 10/02/2108 às 15h00
Onde: Rua Dom José de Barros, altura da Galeria Olido – Centro / SP