Uma vitória com cheiro de lavanda tem muita ternura

Por: Fátima Oliveira

De volta às lavandas. Muita gente querendo saber mais dos motivos pelos quais eu as plantei para Dilma. Se elas funcionaram, eu não sei, mas ela foi reeleita. E não foi uma vitória qualquer, pois venceu muito mais que o seu opositor: ela ganhou uma luta de ideias navegando à esquerda, contra todas as opressões!

Conforme registrei: “Plantei lavandas para Dilma Rousseff na beira do Rubicão para significar que protegê-la da misoginia e do seu produto mais naturalizado e banalizado, o machismo, é uma forma de dizer que todas as mulheres merecem viver num mundo no qual a violência de gênero não terá vez nem lugar” (“À beira do Rubicão plantei lavandas para Dilma Rousseff”, O TEMPO, 21.10.2014).

Muita gente que escreveu quer saber mais sobre uma planta tão cheia de ternura e que pensava que não se desenvolvia aqui. A cidade de Morro Reuter (RS), a 56 km de Porto Alegre, é denominada a cidade brasileira da lavanda, originada numa bonita história. O paisagista francês Renê Bessi, em visita à cidade no fim da década de 1990, desenhou um croqui em que o município aparecia cercado por lavandas – quando lá não havia um pé sequer.

O prefeito da cidade ficou tão impressionado com a beleza imaginária da paisagem que criou o Projeto Lavanda, implementado por outras gestões e que realiza, desde 2011, a Festa Nacional da Lavanda, divulgando suas aplicações medicinais, culinárias, cosméticas e em aromaterapia.
Sempre tive jardim nos lugares em que morei. Uma imagem forte é que desde criança vivia pedindo “mudinhas de plantas”. Não mudei – é quase um trocadilho… Continuo pidona. E como faço amizades pedindo mudinhas! Às vezes, compro alguma, mas não é o habitual. É um raro prazer plantá-las, vê-las crescer, fazer mudinhas para presentear…

Só descobri que poderia ter lavanda em meu jardim recentemente pesquisando sobre biopesticidas e inseticidas naturais, como contei em “Inseticidas naturais e uma mata de amor-agarradinho” (O TEMPO, 16.9). E o fiz porque estava “Sem sossego entre formigas, muriçocas, camaleões e pipiras (O TEMPO, 19.8). Inquieta, por não querer usar veneno, descobri que algumas plantas atraem insetos, outras os afastam, tais como alecrim, citronela, crisântemo, hortelã, lavanda, manjericão e pimenta. E tem sido uma experiência de sucesso cultivá-las no jardim e na horta.

A minha experiência em cultivar lavanda é incipiente, estou tateando. Dois pés secaram, acho que por excesso de irrigação – “A umidade é a inimiga da lavanda… O solo deve ser leve, fofo e bem-aerado com nível de pH entre 6.7 e 7.3, que pode ser medido com um teste à venda em casas do ramo. A lavanda é uma erva mediterrânea, cresce em locais quentes e ensolarados”.

A paisagista Margareth Linhares, em entrevista ao blog Flores de Lulu, informa que “a lavanda pode ser plantada no solo ou em vasos, de preferência de barro ou cimento… além do perfume, a lavanda, ou alfazema, pode ser utilizada também como remédio. Além disso, a cor lilás já é ‘calma’, e isso ajuda”. Um adendo: há variedades com flores entre o cinza e o púrpura-real brilhante, branco, rosa e verde-amarelado.

Socializo o que já aprendi cultivando lavanda, que só conhecia dos cosméticos e das sementes que no interior do Maranhão, em minha infância, eram usadas queimadas na brasa para defumar roupas de recém-nascidos – a prática era chamada de “defumação”, e diziam que roupinhas com cheiro de alfazema evitavam as cólicas (!) e afastavam os maus espíritos! É uma planta que tem poder.

Fonte: O Tempo

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