Vereadores de Goiânia são indiciados por racismo após homofobia em plenário

Enviado por / FonteDo UOL

Quatro vereadores de Goiânia foram indiciados pela Polícia Civil pelo crime de racismo após discursos considerados homofóbicos no plenário da Câmara.

Os acusados são os vereadores Cabo Senna (Patriota), Sargento Novandir (Republicanos), Gabriela Rodart (DC) e Thialu Guiotti (Avante), em inquérito enviado ao Judiciário em fevereiro, mas divulgado apenas nesta semana, revelou o site Metrópoles.

A investigação concluiu que em 2021 os parlamentares usaram a tribuna para destilar preconceito contra uma propaganda de uma rede de fast food veiculada no Dia do Orgulho LGBTQIA+, em 28 de junho.

Na tribuna, Thialu afirmou que “ninguém nasce homossexual” e que ativistas LGTBQIA+ querem “instaurar uma ditadura da opinião e da expressão”. Em um vídeo nas redes sociais, ele afirmou que a homossexualidade “não é normal”.

“Normal é homem com mulher. Mulher com homem”, afirmou.

Titular do Geacri (Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), o delegado Joaquim Adorno concluiu que os discursos foram preconceituosos e discriminatórios.

“O limite da liberdade de expressão é o respeito”, afirmou.

“Há pessoas que confundem muito o que é respeito e pensam que podem sair dizendo qualquer coisa. Além disso, nenhum cargo pode ser usado como anteparo para o crime de ódio”, afirmou o delegado ao lembrar que, em 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) equiparou os crimes de homofobia e transfobia ao racismo.

Você não é obrigado a gostar de ninguém nem a aceitar, mas é obrigado a respeitar, e o respeito pressupõe nenhuma ofensa, nenhuma desqualificação, nenhuma desumanização, nenhum cerceamento de direitos, nenhuma incitação ao ódio.”

Delegado Joaquim Adorno

A deputada Gabriela Rodart é a única investigada que ainda mantém declarações consideradas homofóbicas em suas redes, segundo a investigação. Ela afirmou que ainda discorda da campanha publicitária e que se posiciona sobre o tema porque “é preciso debater ideias e opiniões de forma respeitosa”.

Em nota, a assessoria de Thialu Guiotti negou ter cometido discriminação, embora mantenha a opinião recorrendo à Bíblia “como manual de fé e seguindo em defesa das crianças, sempre respeitando as diferenças e escolhas pessoais”.

“O vereador não fugirá do propósito de defender a família tradicional”, afirmou em nota.

A assessoria de Cabo Senna afirmou que só se manifestará após notificação, enquanto o sargento Novandir (Republicanos) não respondeu.

+ sobre o tema

O fundamentalismo não é uma prerrogativa apenas do islamismo – por Jean Wyllys

Sua versão cristã à moda brasileira se materializa na...

Projeto pune crimes de ódio

Nova proposta para combater e prevenir discriminação social está...

Snoop Dogg choca fãs após insulto homofóbico no Instagram

Post com insultos homofóbicos foram apagados meia hora depois...

Ney Latorraca justifica bronca em idosa: ‘Ela estava fazendo comentários homofóbicos’

Ator explica por que interrompeu espetáculo para chamar a...

para lembrar

STJD investiga homofobia no clássico e pode punir Corinthians e São Paulo

Corintianos e são-paulinos trocaram ofensas no mesmo durante a...

Racismo não tem graça nenhuma

O Fórum da Igualdade Racial (FOPIR), que reúne...

Dono de bar cancela festa de firma: “Homofobia não, independente da religião”

Alex Proud, dono de clube em Londres, recebeu e-mail...

Racistas agridem nordestinos no Twitter por votarem em Haddad

De sábado para domingo, repetiu-se fenômeno que se viu...
spot_imgspot_img

Carta aos brasileiros: somos de fato um país acolhedor aos estrangeiros?

Fomos criados escutando vários mitos. O de que somos o país mais alegre do mundo é apenas um deles. Há também o da democracia...

Umbanda completa 115 anos em meio à intolerância religiosa

O Dia Nacional da Umbanda será comemorado neste 15 de novembro, mas existe uma questão forte a enfrentar. A intolerância religiosa é uma preocupação...

Mulheres concentram 60% de casos de racismo pela internet no Brasil

O racismo dói e tem viés de gênero. As mulheres concentram 60% dos casos de racismo e de injúria racial em redes sociais julgados...
-+=