O Workshop Mulheres Negras em Movimento: Oficina Preparatória para Seleções de Pós-Graduação tem como objetivo proporcionar condições mais igualitárias de ingresso a mulheres negras (cis e trans) interessadas em submeter-se a processos seletivos de programas de pós-graduação Strictu Sensu. A ideia é auxiliar as estudantes no processo de construção de projetos de pesquisa voltados para áreas de Humanidades, Artes e Ciências Sociais (incluindo Aplicadas), bem como campos Interdisciplinares, com vistas à qualificação para atuação como pesquisadoras e docentes.
Por Luciana Xavier para o Portal Geledés
Inscrição
Para se inscrever, basta preencher o formulário disponível no link: https://goo.gl/forms/
Podem se inscrever candidatas que já concluíram ou que estejam concluindo cursos de graduação, mestrado e doutorado e que tenham interesse de atuar nas áreas das Ciências Sociais, Humanidades, Artes e campos Interdisciplinares.
As aulas começam dia 23 de julho. O curso será composto por 6 encontros presenciais de 2h, com aulas semanais às quartas-feiras, das 17h às 19h (exceto a primeira aula, dia 23/07, segunda, às 19h), contabilizando um total de 24 horas (incluindo atividades em EAD).
Haverá emissão de certificado de conclusão de curso àquelas que apresentarem, no mínimo, 75% (setenta e cinco por cento) de frequência.
Local: Universidade Federal do ABC – Campus São Bernardo
Alameda da Universidade, s/n, Bairro Anchieta, São Bernardo do Campo/ SP, CEP 09606-045
Curso gratuito – Vagas limitadas
Obs.: Essa oficina não possui vínculo com nenhum programa de pós-graduação.
A mediação será feita pela professora Luciana Xavier de Oliveira, jornalista e doutora em comunicação, docente da Universidade Federal do ABC.
O curso:
Além do foco na seleção, o Workshop Mulheres Negras em Movimento irá abordar estratégias de permanência e características gerais da pós-graduação no Brasil, discutindo aspectos relativos à estrutura dos programas, processos de orientação, produção acadêmica, internacionalização, levando em consideração aspectos como o machismo e o racismo acadêmico/epistemológico. A ideia também é oferecer um espaço confortável para a troca de experiências acadêmicas e vivências pessoais. Haverá ainda um momento para discussão de seleções em concursos públicos para docentes, bem como formas de qualificação profissional em geral.
Justificativa
No Brasil, há uma quantidade mínima de mulheres negras nas pós-graduações espalhadas pelo país, especialmente sub-representadas nos espaços de docência do ensino superior. Há ainda um processo de apagamento do trabalho intelectual de mulheres negras, especialmente daquelas que atuam diretamente com debates ligados à raça e ao gênero. Essa tendência, de maneira geral, segue o panorama nacional em que negros são invisibilizados nos espaços de poder, e as mulheres negras permanecem atuando em instâncias subalternas, dentro de um círculo acumulativo de desvantagens. No artigo “Doutoras professoras negras: o que nos dizem os indicadores oficiais” (2010) publicado pela professora Joselina Barbosa, doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a análise de dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira revelou que dos 63.234 docentes em atividade no ensino superior brasileiro, apenas 251 são mulheres negras, o equivalente a menos de 0,4% do total. Essa oficina é inspirada em algumas iniciativas como o Curso Preparatório – Seleção de Mestrado organizado por Tarcízio Silva, Taís Oliveira, Lina Moreira e Marcus Vinicius Bomfim, e também no grupo de pesquisa Intelectuais Negras, coordenado pela professora Giovana Xavier, na UFRJ, dentre outras ações. Esse workshop representa uma oportunidade de democratização e ampliação do acesso e permanência aos cursos de pós-graduação strictu sensu, fortalecendo as ações afirmativas e a luta contra a desigualdade racial e de gênero, possibilitando uma maior diversidade do universo acadêmico.
Apoio:
PROEC – UFABC
NEAB UFABC
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