No mês de denuncia contra o racismo e com o tema “2015 motivos para marchar contra o racismo, a violência e o fim do genocídio da juventude negra e pelo Bem Viver das mulheres negras”, acontece a 1ª edição da Marcha de Mulheres Negras da Bahia Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver no dia 13 de maio, em Salvador, e são esperadas mulheres negras de todos os territórios da Bahia. A passeata é organizada pela Rede de Mulheres Negras da Bahia e organizações de mulheres negras de todo o Estado.
Por Emanuelle Goes, do População Negra e Saúde
A Marcha de Mulheres Negras é uma ação estratégica das mulheres negras para denunciar as iniquidades e as múltiplas violências provocadas pelo racismo e sexismo, conquistar visibilidade, reconhecimento social, político, direitos e cidadania plena. Realizada em sua primeira edição, a marcha se apresenta na agenda de consolidação na luta dos diversos movimentos de mulheres negras contra o racismo, a violência sexista, o genocídio da juventude negra e por mais políticas estruturantes e políticas públicas para as mulheres negras.
Está na pauta de reivindicações da marcha: O Fim do Genocídio da Juventude Negra; Poder e Participação Política; Autonomia Econômica; Trabalho e Renda; Educação Não Racista e Não Sexista; Saúde e Direitos Reprodutivos; Fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções; Reivindicação do direito ao livre culto de nossas divindades de matriz africana sem perseguição; Luta pela terra e pelos territórios tradicionais (dos terreiros de candomblé, quilombola, ribeirinho, assentados, marisqueiras e pesacadoras e outros); Fim da Violência Doméstica e do Feminicídio; Garantia dos Direitos das Trabalhadoras Domésticas; Fim da concentração de poder estruturado pelo racismo, machismo, patriarcado, lesbofobia e qualquer desigualdade que atinja as mulheres negras.
A Bahia é uma das oito unidades da federação que ultrapassou a marca dos 100 homicídios para 100 mil jovens negros (a margem máxima aceitável pelo padrão internacional de homicídios fixado pela ONU é de 10 por 100 mil homicídios por habitante). Em fevereiro, deste ano, 13 jovens negros foram sumariamente assassinados, em Salvador. Na ocasião, todos identificados e apontados como marginais e delinquentes pela Polícia Militar da Bahia, que até o momento não informou e comprovou o motivo da chacina.
Para a Rede de Mulheres da Bahia não coincidentemente, 13 também foi o dia da abolição da escravatura e desde 1888 até os dias atuais tem sido uma data de luta e denuncia da negligência, do descaso, e do silêncio do Estado brasileiro sobre a ausência de direitos para a população negra. A concentração da marcha será em frente ao Restaurante Café Hall, na Av. Paralela, às 9h.