Campanha #MaisQueImigrante visa desconstruir xenofobia dos brasileiros

Até o fim do mês, projeto reunirá relatos, fotos e vídeos sobre a ascendência enviados pelas redes sociais

Por Júlia Dolce Do Brasil de Fato

A pergunta “Qual é a sua mistura?” vem sendo respondida por dezenas de brasileiros que estão aderindo a campanha #MaisQueImigrantes no Facebook. Ela foi idealizada pelas estudantes do primeiro ano de publicidade da Faculdade Cásper Líbero Brenda Louise Monaro e Mariana de Almeida Francisco, em parceria com o coletivo por empoderamento de mulheres imigrantes “Equipe de Base Warmis – Convergência de Culturas”, com o objetivo de desconstruir a xenofobia dos brasileiros.

A pergunta inicial leva as pessoas a questionarem suas próprias origens e ascendência, uma forma de conscientização sobre a identidade brasileira, resultado de múltiplos processos migratórios. Com o crescente fluxo de imigrantes e refugiados para o Brasil (que, segundo o último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), aumentou 127% desde 2010), os casos de ataques xenofóbicos e discursos de ódio contra imigrantes também se tornaram mais numerosos.

Segundo Andrea Carabantes, membro da Equipe de Base Warmis, a parceria teve início após entrarem em contato com o professor Eric de Carvalho, do curso de publicidade da Cásper Líbero, que estava buscando coletivos que topassem desenvolver formas de propaganda junto com seus alunos.

“A campanha quer atingir mais os brasileiros do que os imigrantes que residem aqui, para que eles se reconheçam como imigrantes. Por isso a pergunta ‘qual a sua mistura?’. A pessoa conta de onde vem sua família e, sob um ponto de vista mais emotivo, cria empatia com a situação dos imigrantes e refugiados”, explicou.

Para Mariana, uma das responsáveis pela campanha, é contraditório uma pessoa dizer que é contra a vinda de imigrantes tendo ascendência italiana, francesa ou portuguesa. “A gente quis expor isso, daí surgiu a ideia de mapear que todo mundo no Brasil é uma mistura e não há motivo para xenofobia”, completou a estudante.

Quantificação

Através da hashtag #MaisQueImigrantes, que acompanha as fotos ou posts sobre as origens das pessoas que participam, as organizadoras conseguem mapear as respostas, e mais pessoas conseguem ter acesso e aderir. Segundo Mariana, uma das estudantes responsáveis pela campanha, a participação das pessoas tem crescido cada vez mais.

“Estamos recebendo fotos todos os dias, e o pessoal está entrando em contato com a gente. Por enquanto, está bem misturado, muitos imigrantes e brasileiros participando, inclusive brasileiros que moram fora do país e imigrantes que vivem aqui desde pequenos. Estamos atingindo o objetivo de mostrar a mistura e diversidade do povo”, afirmou.

A campanha começou no início do mês e vai até o dia 31 de outubro, quando, segundo Mariana, será produzido um vídeo de retrospectiva com o material recebido das pessoas que aderiram à campanha, reunindo fotos e posts. O prazo, entretanto, poderá ser estendido dependendo do número de participações.

Leia também 

Os cotistas desagradecidos

+ sobre o tema

“Nossos médicos não são bons clínicos e se baseiam só em exames”, diz doutor em Saúde

Eles defendem a vinda de médicos estrangeiros para os...

Médicos da família relatam entraves para uma formação em saúde com viés popular

Supervisor do programa Mais Médicos e médica da família...

Por que Brasil parou de divulgar ‘lista suja’ de trabalho escravo tida como modelo no mundo?

Apesar de ser reconhecido internacionalmente por seus esforços de...

Casos de linchamentos se espalham pelo Brasil

Depois do caso fatal em São Luís na terça-feira...

para lembrar

Reunião Estratégica sobre Banda Larga e Marco Regulatório das Comunicações

Textos produzidos como subsídio para a Reunião Estratégica sobre...

Paulo Vanucchi diz esperar condenação do Brasil em Tribunal Internacional de Direitos Humanos

Ministro afirmou que só com punição o país entenderia...

Seppir: ministra defende política de comunicação étnico-racial para fortalecimento das mídias negras

Referenciar a grande imprensa e instituições desmitificando aspectos da...
spot_imgspot_img

Comissão Arns apresenta à ONU relatório com recomendações para resgatar os direitos das mulheres em situação de rua

Na última quarta-feira (24/04), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, em parceria com o Movimento Nacional...

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...
-+=