‘A Vida Não Me Assusta’, uma pérola literária que une Maya Angelou e Basquiat

Lançado há 25 anos nos EUA, livro de poesia para crianças acaba de ganhar edição no Brasil

Por  Amauri Terto, do HuffpostBrasil 

Os versos acima fazem parte do livro infantil A Vida Não Me Assusta, lançado há 25 anos nos Estados Unidos e que acaba de ganhar uma versão em português pelo selo Caveirinha, da editora DarkSide Books.

Dose de incentivo para que crianças de todas as idades enfrentem seus medos, a obra combina trabalhos de dois ícones negros do mundo das artes: a escritora e ativista Maya Angelou (1928-2014) e o pintor Basquiat (1960-1988).

Livro infantil ganha edição brasileira 25 anos depois do lançamento original nos EUA.(Reprodução/HuffpostBrasil)

A fotógrafa Sara Jane Boyers foi a responsável pela reunião da dupla nesse volume festejado que, no entanto, não chegou a ser visto pelo próprio Basquiat, já que foi publicado cinco anos após a morte precoce do artista, aos 28 anos.

Um dos expoentes das artes plásticas no século 20, Jean-Michel Basquiat ascendeu em um período de aguda crise econômica em Nova York.

Com pinceladas de cores fortes, que misturavam imagens e palavras, as obras do jovem pintor negro também questionavam a ausência de seus semelhantes em um meio artístico majoritariamente branco, bem como homenageavam referências negras que brilharam no mundo do jazz e dos esportes.

Umas das obras de Basquiat presentes no livro ‘A Vida Não Me Assusta’. (Reprodução/HuffpostBrasil)

Neste ano, os brasileiros ficaram mais íntimos da história de vida de Basquiat. Uma retrospectiva com 80 obras – até então inéditas no País – tem circulado pelas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A exposição já passou por São Paulo e Brasília, e seguirá em breve para Belo Horizonte.

Até o final do ano, ela chegará ao Rio de Janeiro.

Maya Angelou, um dos célebres nomes do ativismo negro nos EUA. (Photo by Kris Connor/Getty Images)

Maya Angelou é um dos principais nomes da história do ativismo negro nos EUA e uma mulher que vivenciou o medo em suas mais diversas formas. Sua vida foi marcada por um estupro na infância, por uma gravidez aos 17 anos e pelo preconceito de uma América segregada.

Foi por meio da literatura que ela sagrou-se como referência internacional. Eu Sei Por que o Pássaro Canta na Gaiola – livro fora de circulação no Brasil em que aborda as memórias de uma infância cercada pelo racismo – tornou-se best-seller e é hoje aclamado em todo o mundo.

Em A Vida Não Me Assusta, a autora lembra com doçura que todo ser humano é dotado de coragem para enfrentar aquilo que lhe assusta, começando das sombras no escuro, cães bravos e sapos. Um lembrete feito com poesia, que se complementa de forma grandiosa nos traços de um artista cujo legado é justamente o de coragem em construir, com honestidade, a própria história.

A Vida Não Me Assusta

Páginas: 48

Editora: Caveirinha / DarkSide Books

Preço: R$ 49, 90

+ sobre o tema

Emicida: “Sou um soldado do rap”

 YUMBER VERA ROJAS A nova estrela do hip hop brasileiro...

Companhia nova de teatro comemora 15 anos e estreia barulho D’água

Com ingressos gratuitos, espetáculo do autor italiano Marco Martinelli chega...

Conheça a trajetória de Usain Bolt, o maior velocista do mundo

O trânsito intenso de Kingston começa a dispersar depois...

As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição – Mário Theodoro (Org.)

Mário Theodoro (Org.) - IPEA - PREFÁCIO .................................................................................................................

para lembrar

Viúva de Abdias Nascimento quer programa de incentivo ao ativismo

Na data em que se comemora o centenário de...

Milton Nascimento faz 80 anos; relembre seus discos mais importantes

Uma discografia que se inicia com uma marca, "Travessia"....

Lázaro Ramos retoma aulas de capoeira, após 10 anos

Rapaz simples e boa praça, Zé Maria trabalha em...

Morre em São Paulo 1ª Deputada Negra do Estado

Acabamos de perder uma das figuras mais emblemáticas e...
spot_imgspot_img

Clara Moneke: ‘Enquanto mulher negra, a gente está o tempo todo querendo se provar’

Há um ano, Clara Moneke ainda estava se acostumando a ser reconhecida nas ruas, após sua estreia em novelas como a espevitada Kate de "Vai na...

Mulheres sambistas lançam livro-disco infantil com protagonista negra

Uma menina de 4 anos, chamada de Flor de Maria, que vive aventuras mágicas embaixo da mesa da roda de samba, e descobre um...

Podcast brasileiro apresenta rap da capital da Guiné Equatorial, local que enfrenta 45 anos de ditadura

Imagina fazer rap de crítica social em uma ditadura, em que o mesmo presidente governa há 45 anos? Esse mesmo presidente censura e repreende...
-+=