Enredo e Samba: Portela vai homenagear as mulheres negras

Enviado por / FonteG1, por Milton Cunha

‘Um Defeito de Cor’ é a história da luta preta no Brasil incorporada em uma mulher que enfrentou os maiores desafios imagináveis pra continuar viva e preservar suas heranças e raízes.

A Portela vem para o carnaval de 2024 com a missão de abordar o romance da escritora Ana Maria Gonçalves, e vai refazer os caminhos imaginados da história da mãe Preta, Luíza Mahim.

Com o enredo ‘Um Defeito de Cor’, a escola de Madureira, que no ano passado conquistou apenas o décimo lugar ao cantar o seu centenário, mostrará a força da mulher negra e as heroínas pretas do Brasil.

O livro ‘Um Defeito de Cor’ — Foto: Reprodução/TV Globo

Antônio Gonzaga adianta que é um projeto dedicado a todas as mães e é uma forma de demonstração de afeto e gratidão por sua recém-chegada à escola, ao lado de André Rodrigues.

“Esse é um espelho de todas as mulheres pretas do Brasil”, conta o carnavalesco Antônio Gonzaga.

“A Luiza é uma mulher que acaba sendo um pouco de todas as mulheres negras que conhecemos. Relacionamos ela as mães pretas desse pais”, conta André Rodrigues.

O samba-enredo que a escola levará para a Sapucaí foi escolhido em uma festa na quadra no dia 7 de outubro. A parceria campeã é de Rafael Gigante junto com os compositores Vinícius Ferreira, Wanderley Monteiro, Bira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto & André do Posto 7.

Confira a letra:


O samba genuinamente preto
Fina flor, jardim do gueto
Que exala o nosso afeto
Me embala, oh! mãe, no colo da saudade
Pra fazer da identidade nosso dialeto
Omoduntê, vim do ventre do amor
Omoduntê, pois assim me batizou
Alma de Gege e a justiça de Xangô
O teu exemplo me faz vencedor
Sagrado feminino ensinamento
Feito águia corta o tempo
Te encontro ao ver o mar
Inspiração a flor da pele preta
Tua voz, tinta e caneta
No azul que reina Yemanjá

Salve a lua de Bennin
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela!

Orayeye oxum, Kalunga!
É mão que acolhe outra mão, macumba!
Teu rosto vestindo o adê
No meu alguidar tem dendê
O sangue que corre na veia é Malê!
Em cada prece, em cada sonho, nêga
Eu te sinto, nêga
Seja onde for
Em cada canto, em cada sonho, nêgo
Eu te cuido, nêgo cá de onde estou

Saravá Keindhe! Teu nome vive!
Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!
Em cada um nós, derrame seu axé!

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