“Aquele encontro afro causou uma revolução em minha vida”- afirma Alisson, caixa de supermercado.

Manhã de segunda-feira, após  me examinar, minuciosamente,o  caixa do supermercado lança a pergunta:- Seu nome é Arísia Barros?

Por Arísia Barros, do Cada Minuto 

Imagem retirada do site Cada Minuto

Assevero que  sim,e o rapaz ávido pra contar sua história, diz:- Nunca esqueci seu nome, nem seu rosto (sou bom de fisionomia),e lembro  da senhora, porque participei de um encontro sobre negros, no Teatro Deodoro. Na época estudava na Escola Eunice Campos.
Pega de surpresa pela situação inusitada,busco saber em qual ano aconteceu o fato.

O rapaz ri no dizer:- Vixe faz bem uns 15 anos.– respondeu mexendo nas recordações

Não perguntei-lhe  a idade, mas, calculei que está na casa dos 25/27  anos

E as palavras do rapaz saem espalhando perspectivas:-“Aquele encontro afro causou uma revolução em minha vida, me revelou o que é racismo. Foi importantissimo.  Ainda hoje lembro da música que cantavam lá.” E , entusiasmado cantarola  um trechinho da música.

Eu olho feliz para  aquele rapaz, caixa de um supermercado falando sobre o quanto enriquecedora foi participar de uma discussão sobre racismo e refirmo que é possível mudar paradigmas. Interpretar e reinterpretar constantemente sobre  o poder estrutural do racismo para entender a realidade que nos cerca.
Pelo jeito, Alisson absorveu, compreendeu e ainda hoje compartilha o aprendizado de que o conhecimento/educação é,e sempre será, uma ferramenta poderosa para construção de uma sociedade plural.

Obrigada, Alisson!

 

Leia Também:

Meninos pretos não vão para o céu – Por: Arísia Barros

Ah, Linda.. Luislinda Valois. O que te aconteceu? Não é culpa dela. A culpa é do RACISMO psicológico, entendam.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...