Ataques a religiões de matriz africana fazem parte da nova dinâmica no Rio

“TODO O MAL tem que ser desfeito, em nome de Jesus”, diz um traficante, ordenando que uma yalorixá destrua as imagens do seu terreiro em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, divulgado na quarta-feira (13). Em outro vídeo que circula nas redes sociais, um homem “lembra” a um pai de santo que o chefe não quer macumba no local: “É só um diálogo [segurando um taco de baseball escrito diálogo] que eu tô tendo com vocês. Da próxima vez eu mato”, diz. As cenas  absurdas  são uma amostra de uma onda de ataques a terreiros de umbanda e candomblé comandados por traficantes que seguem acontecendo no Rio de Janeiro.

Por Juliana Gonçalves, do The Intercept Brasil

Até o momento, só em setembro, foram oito casos registrados apenas em Nova Iguaçu. O Disque 100, serviço de denúncias de violações de direitos humanos do Governo Federal, recebeu, entre 2011 e 2016, 175 denúncias de intolerância religiosa no estado – 10% do total no país. Há relatos de ataques e perseguições em toda a  Região Metropolitana. No Rio, traficantes proíbem a prática das religiões e o uso de roupas brancas, levando filhos de santos a deixarem as favelas. Na Cidade Alta, após a troca de comando no morro em novembro do ano passado, imagens de santos foram retiradas de comércios locais.

Os casos mencionados aconteceram em lugares dominados pela mesma facção criminosa, o Terceiro Comando Puro. As investigações correm em sigilo e parte dos envolvidos já foi identificada. Como resposta ao crescente número de casos de intolerância, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública acenam com  a criação de uma delegacia especializada até o fim do ano.

 

Continue lendo aqui 

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...