Atriz Isabèl Zuaa busca papéis em que a mulher negra seja protagonista de suas próprias histórias

Nascida em Lisboa, Isabèl ganhou destaque no cinema nacional

por Fabiana Schiavon e Lara Pires no Folha de São Paulo

Em cartaz nos cinemas com o filme “As Boas Maneiras”, ao lado de Marjorie Estiano, a atriz e dançarina portuguesa Isabèl Zuaa, 31, tem relação estreita com o Brasil. Entre outros projetos, participou de um episódio da série “Sob Pressão” (Globo) e coprotagonizou, com Júlio Machado, o longa “Joaquim” (2017), de Marcelo Gomes. Isabèl conta que criou conexões com a arte ainda na infância.

“Cresci brincando muito, dançando e cantando. Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, respondia sempre coisas diferentes. Eu me imaginava em inúmeras profissões. Decidi, então, ser atriz, de forma que posso viver várias vidas. O mais incrível dessa atividade é poder me conhecer melhor e me surpreender a cada jornada”, reflete a atriz.

Foi há oito anos que ela descobriu o Brasil. “Nasci e cresci em Lisboa, em um bairro que se chama Zambujal, em Loures. Cheguei ao Brasil em 2010, para fazer um intercâmbio de artes cênicas na UniRio [Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro] por cinco meses. Acabei ficando sete anos”, conta Isabèl. ​

Com ascendência africana, a atriz usou seu conhecimento sobre idiomas e sobre a cultura da África no longa “Joaquim”, em que viveu a quilombola Preta, cúmplice do personagem histórico Joaquim (Júlio Machado).

A artista diz buscar trabalhos em que a mulher negra seja a protagonista de suas próprias histórias. A vivência de Isabèl no Brasil já lhe deu uma visão sobre o país. “O que mais me agrada aqui é a diversidade cultural e artística, mas me desagrada a desigualdade social e o racismo institucional.”

O papel de Clara, em “As Boas Maneiras”, rendeu à atriz prêmios em diversos festivais de cinema europeus. “Clara é uma mulher solitária que, por alguns motivos, não consegue terminar o seu curso de enfermagem e responde a um anúncio para ser babá do filho que Ana (Marjorie Estiano) espera. Não se sabe muito sobre o passado dela, é uma mulher misteriosa. Com o tempo, ela mostra a sua afetuosidade, sua humanidade e seu cuidado”, adianta Isabèl.​ No longa, que une fantasia, terror e drama, Ana tem uma gravidez estranha e hábitos noturnos assustadores.

Agora, Isabèl retorna a Lisboa para gravar “Sul”, aguardada série policial de TV, do português Ivo M. Ferreira. A atriz gosta de se dividir entre Portugal e Brasil. “Tenho a sorte de poder ficar parte do ano em cada país. Vou gerindo de acordo com os projetos. Sou grata por ter essa possibilidade.”

+ sobre o tema

‘Sementes: Mulheres Pretas no Poder’ abre estreia do primeiro cine coletivona no Museu da Maré

Construído na Maré há dois anos, a ação Coletivona lança dia 31...

Viola Davis fala sobre despedida de ‘How to Get Away with Murder’

Com a segunda parte da última temporada já lançada...

Angolana é a primeira estrangeira à frente da bateria da Pérola Negra

Ninguém pode dizer que ela não se impõe. “Deixe-me...

para lembrar

Djamila Ribeiro: ‘A gente luta por uma sociedade em que as mulheres possam ser consideradas pessoas’

Escritora participa da mesa 'Feminismos plurais' na Flup por Thayná...

Bebês sob encomenda: o caso Payton Cramblett Zinkon

Jennifer Cramblett e Amanda Zinkon são casadas e residem...

Artistas negras assumem as rédeas de suas próprias narrativas

Na literatura, cinema e música, mulheres negras deixam de...

Mulheres negras são mais vulneráveis ao desenvolvimento de miomas

Mulheres com histórico familiar, obesidade e sem filhos também...
spot_imgspot_img

Direitos das mulheres afrodescendentes são reforçados na COP 28 por Geledés

No primeiro dia de participação de Geledés – Instituto da Mulher Negra na conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP...

Profissionais negros reinventam suas carreiras na TV e avaliam a importância da discussão racial

No Dia da Consciência Negra, o gshow conversou com artistas que compartilham a jornada que é ser um profissional preto na teledramaturgia. Entre eles, atores, atrizes e...

Ó, Paí Ó 2 avança em 15 anos os temas que atravessam a população negra brasileira

“Tenho sempre um frisson quando eu encontro as atrizes e os atores do Bando de Teatro Olodum, porque são de verdade meus primeiros ídolos....
-+=