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Enquanto os negros brasileiros são tratados como minoria, mas de fato, representam mais da metade da população do País, as comunidades ciganas são de fato minorias. De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, existem no Brasil cerca de 800 mil ciganos.
Eles participam da III Conapir com cerca de 20 delegados eleitos em todo o Brasil. Anne Kellen, delegada pela Comunidade Cigana de Alagoas, conta que a comunidade ouviu com alegria o discurso da presidenta Dilma na abertura da conferência. “Fomos citados e a presidenta demostrou apoio às comunidades tradicionais”, afirma.
Ontem, no entanto, os ciganos se sentiram excluídos. “Hoje, infelizmente, não escutamos o nosso nome”, disse ao se referir ao segundo dia de conferência.
Segundo Anne, os ciganos sofrem com a falta de emprego e com problemas na área da saúde, como o uso de drogas e alcoolismo. “Estamos morrendo e ninguém sabe. Somos invisíveis, mas não estamos mortos”, desabafa.
Apesar da invisibilidade social, Anne reconhece o trabalho que a Seppir realiza com os povos tradicionais. “A Seppir está abraçando a gente, mas preciso da sensibilidade dos movimentos sociais, inclusive do Movimento Negro que já conquistou tantas coisas e nos inspira muito”.
Para a ministra Luiza Bairros, as questões das comunidades ciganas são as mais desafiadoras para a Seppir. “É com essas comunidades que a alteridade realmente se estabelece, pois culturalmente são as mais diferentes de nós (negros/as) que estamos na incumbência de pensar políticas publicas”, disse Luiza em entrevista coletiva às Comunicadoras Negras.
A ministra ainda afirma que a alteridade não é impeditiva para essa relação com as comunidades tradicionais e garante que está em constante vigilância. “Não podemos reproduzir com os ciganos os erros que os formuladores de políticas públicas brancos cometeram conosco”, finaliza.
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